segunda-feira, 4 de julho de 2022

Programa do Boca Braba 21ª Tropeada - Linguajar Campeiro

 

Programa do Boca Braba - A cultura gaúcha com opinião

21ª Tropeada - Linguajar Campeiro

O tema do programa de hoje é o Linguajar Campeiro.

Vamos falar um pouco sobre as origens e peculiaridades do nosso idioma pampeano.

Mas antes, como de costume, vamos ouvir o Hino Rio-Grandense e uma oração:

Programa do Boca Braba. A cultura gaúcha com opinião. Ouvimos o Hino Rio-Grandense na interpretação buenacha do grupo MasBah!, e depois com Negro Manolo, Prece Gaúcha.

Todos sabem que o idioma falado no Rio Grande do Sul é o Português. Mas a pátria gáutcha vai além das fronteiras do país e se estende pela pampa Rio-Grandense, Argentina e Uruguaia.
Portanto, podemos concluir que a língua oficial do gaúcho são duas o Português e o Espanhol, ou uma mistura das duas, não só na fronteira, visto que muitas palavras do nosso linguajar se originaram quando essas fronteiras ainda não estavam definidas. Os gaúchos que se desgarraram para colonizar o restante do Brasil, sabem bem a dificuldade que enfrentamos quando tentamos nos comunicar com os habitantes do centro do país e principalmente do nordeste.

No programa de hoje vamos mostrar, então, as origens do nosso linguajar e as principais diferenças do português falado por aqui.

Por enquanto vamos ouvir algumas marcas e seguimos a prosa logo mais.

Ouvimos, Jesus Oliveira, do disco Mateando Solito a Composição, Berço Sagrado, depois, Luiz Carlos Borges, Pedindo Cancha, e a última, Mauro Moraes e Quarteto Milongueamento, Trancando o Garrão.

Nestas marcas ouvimos diversos termos que não se encontram na língua portuguesa, e se tu não teves o privilégio de nascer gaúcho ou não conheces a nossa cultura, talvez não tenha entendido o significado. No próximo bloco vamos explicar alguns desses termos e ensinar o caminho das pedras para que tu possas aprender o nosso idioma.
Por enquanto, vamos com mais música:

Ouvimos, na voz de José Cláudio Machado, a composição de Simão Goldman, eternizada por Paixão Côrtes no disco Folclore Puro do Sul de 1978, Hino ao Rio Grande.

E enquanto eu encilho o mate, vamos a uma pequena pausa praos apoiadores locais e eu aproveito, como sempre, pra te pedir que visite os apoiadores do Programa. Assim tú estarás contribuindo para este projeto de valorização da cultura gaúcha.


 

Programa do Boca Braba 21ª Tropeada - Bloco 2

 

Programa do Boca Braba. A cultura gaúcha com opinião. Tamo de volta com esta tropeada do Boca Braba hoje falando sobre o Linguajar Campeiro.

A formação de um novo idioma não acontece da noite pro dia, nem se pode impor a um povo, como querem alguns grupelhos - iremos falar mais sobre isso no chasque do boca braba - Uma nova língua se forma da derivação de um idioma existente, e isso pode levar centenas de anos. Como exemplo, podemos citar o próprio idioma Português, que assim como o Espanhol e o Italiano, nasceram do Latim, que hoje só é falado no Vaticano. O mesmo aconteceu com o Inglês e o Alemão, que são derivados do idioma Anglo-saxão. Por isso as semelhanças entre estes idiomas de mesma origem. Curioso destacar que o Português, na sua origem era um dialeto falado pelas classes mais humildes do império romano, como acontece hoje nos fundões do Brasil. Inclusive, o Poeta Olavo Bilac, refere-se a língua portuguesa, no soneto de mesmo nome, como a “Última flor do Lácio, inculta e bela”, devido ao fato desta ter sido uma língua neolatina formada a partir do latim vulgar – falado pelos soldados romanos da região italiana do Lácio.

Bueno, voltando ao nosso tema, o idioma Gaúcho originou-se do Português e do Espanhol, e, conforme eu havia prometido, vamos ensinar, ou relembrar, alguns termos, mas antes, vamos ouvir mais algumas marcas recheadas de expressões regionais:

Dentre as centenas de expressões gauchescas, muitas são exclusivas do nosso vocabulário, outras são palavras que até existem no idioma português, mas, para nós tem um significado diverso. Dois exemplos clássicos são Barbaridade e Capaz. Que no linguajar campejano tem um significado diferente e, inclusive, vários significados, dependendo da entonação. Dos termos próprios, o mais famoso, com certeza é o Tchê. E já vou avisando que não tem nada a ver com o artigo "o" ou "a" do  idioma inglês, apesar de usarmos o tchê pra nos referirmos a alguém. Reza a lenda que o termo deriva da palavra espanhola celeste, ou da expressão gente do céu.

Se tu queres te aprofundar no idioma gauchês eu recomendo o livro Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Riograndense, do escritor Aldyr Garcia Schlee.

Nascido em Jaguarão, a 22 de novembro de 1934, Aldyr Garcia Schlee foi escritor fronteiriço e tradutor bilíngue, que escreveu e publicou sua obra tanto em português quanto em espanhol. Com larga carreira no jornalismo, nas artes gráficas e no magistério superior do Brasil, foi desenhista profissional (vencedor, em 1953, de concurso nacional para a escolha do uniforme da Seleção Brasileira de Futebol), foi também jornalista (ganhador do Prêmio Esso de Reportagem, em 1962) e Doutor em Ciências Humanas, tendo atuado por mais de 30 anos na Universidade Federal de Pelotas e na Universidade Católica de Pelotas (onde fundou o Curso de Jornalismo), concluindo sua carreira universitária como professor-visitante do Programa de Pós-graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre.
Aldyr Garcia Schlee partiu pra a estância de cima em 15 de novembro de 2018.

Se tu queres conhecer melhor as obras de Aldyr Garcia e inclusive baixar o dicionário pampeano em pdf, podes acessar em dicionariopampeano.com.br

Ouvimos, a composição de Rogério Ávila, música de Leonel Gomez, na voz deste, Namoro de Corvo, depois, Adelar Rosa, Budega do Nenê, e a última, Walther Moraes, Pra Não Falar Em Cavalo.

Falamos das orígens do nosso linguajar e que este teve influência do Português e do Espanhol, mas não podemos esquecer que o Rio Grande foi colonizado por outras culturas, como a Alemã e a Italiana, e, nestas regiões nossa fala teve influência destes dois povos.
Então, vamos homenageá-los com duas marcas:

Ouvimos, Os Três Chirus, Vaquinha Preta, depois, Gugu Gaiteiro cantou, Del Fondo dea Rossa, versão em italiano do sucesso do Baitaca, Do Fundo Da Grota.

Vamos ouvir os chasques dos apoiadores locais e já voltamos.


Programa do Boca Braba 21ª Tropeada – Bloco 3

 

Imagem: Lobisomem. 

Crédito: https://falauniversidades.com.br/saiba-como-surgiu-o-mito-do-lobisomem/

Tamo de volta com a nossa tropeada desta feita apresentando o Chasque do Boca Braba

O tema do programa de hoje é o Linguajar Campeiro, e vimos nos bloco anteriores que o idioma se forma ao longo do tempo com as influências das línguas mãe e da incorporação de termos do dialeto local que transformam a língua original em um novo idioma. Mas temos visto, ultimamente, algumas tentativas de mudar o idioma nacional para incorporar termos que agradam algumas minorias. Estou, falando, é claro, do tal gênero neutro, que é uma tentativa de criar palavras ambíguas para não ofender determinadas categorias.

Mas é necessário algumas considerações. Primeiro: Se alguém pertencente ao gênero masculino e quer se identificar como feminino será tratado com Ela. Se a pessoa pertencente ao gênero feminino e quer se identificar como masculino será tratado com Ele. Simples.
Agora, se querem criar o termo "Elu" para se referir a alguém sem definir o gênero, significa que a pessoa não sabe a qual gênero pertence? É mais ou menos como o sujeito indeciso que quer trocar de sexo mais ainda não escolheu qual.
O pior de tudo é ver uma grande empresa de mídia se engajando no assunto, e isso nos leva a segunda consideração: o que define o gênero não é o artigo, e sim o substantivo. Por exemplo: jornal é uma palavra masculina, então falamos "o Jornal o Globo". Já rede é uma palavra feminina, então chamamos "a Rede Globo". Se eles querem tanto implantar o gênero neutro deveriam alterar sua marca para Rede Globe de Televisão.

Ouvimos, de Jayme Caetano Braun, na voz de Luiz Marenco, Destinos, depois, Alma Musiqueira, de Gilson Aguiar e Jari Terres, Minha Gaitinha, e a última, Bugre Missioneiro, de Gildo de Freitas, A Definição do Grito.

Ouvimos, Cezar Oliveira e Rogério Melo, de Anomar Danúbio Vieira e Rogério Melo, Os Loco Lá da Fronteira, depois, Joca Martins do show de encerramento da 41ª Coxilha Nativista, a música de Oacy Lima Rosenhain e Nilo Brum, Cantar Galponeiro, e a última, Shana Muller, de Gujo Teixeira/ Luiz Marenco, Um Vistaço na Tropa.


Programa do Boca Braba 21ª Tropeada – Bloco 4

 

Foto: Moraezinho. Crédito: Reprodução/Facebook

Programa do Boca Braba. A cultura gaúcha com opinião.


Hoje o tema do Programa é Forma e Conteúdo e a patacauada é por conta Moraezinho:

Ouvimos, Moraezinho, A Cacimba da Vizinha.

A payada de hoje é por conta de Odilon Ramos.

Ovimos, de Odilon Ramos, a payada, Das Taperas, depois, Namorando a Muié Véia.

No Quadro, Tronqueiras do Rio Grande, vamos trazer Tibúrcio da Estância, Telmo de Lima Freitas e Luiz Carlos Borges

Ouvimos, Tibúrcio da Estancia, Batendo os Tição, depois Telmo de Lima Freitas, Pago Santo e a última, Luiz Carlos Borges, dele e de Sérgio Jacaré, O Mundo Muda.

O Programa do Boca Braba esta nos finalmente, e eu espero que os amigos e amigas tenham gostado do nosso programa e peço ao Patrão Velho das Alturas que nos de força e saúde para estarmos todos aqui novamente na próxima semana.