domingo, 27 de março de 2011

Cultura Gaúcha: Os Pioneiros parte I

Não podemos falar em cultura gaúcha sem citar três personalidades: Paixão Cortes, Barbosa Lessa e Glauco Saraiva.

João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes (Santana do Livramento, 12 de julho de 1927) é um folclorista, compositor, radialista e pesquisador brasileiro. É formado em Agronomia.

Paixão Côrtes é um personagem decisivo da cultura gaúcha e do movimento tradicionalista no Rio Grande do Sul, do qual foi um dos formuladores, juntamente com Luiz Carlos Barbosa Lessa e Glauco Saraiva. Juntos, partiram para a pesquisa de campo, viajando pelo interior, para recuperar traços da cultura do Rio Grande.

Em 1948, organizou e fundou o CTG 35 e, em 1953, fundou o pioneiro Conjunto Folclórico Tropeiros da Tradição.
Em 1956, Inezita Barroso gravou as músicas tradicionais gaúchas Chimarrita-balão, Balaio, Maçanico e Quero-Mana, Tirana do Lenço, Rilo, Xote Sete Voltas, Xote Inglês, Xote Carreirinha, Vaneira Marcada, recolhidas por Paixão Cortes e Barbosa Lessa.
Em 1958, Paixão Côrtes apresentou-se no Olympia de Paris, no palco da Universidade de Sorbonne, no Hotel de Ville, no Teatro Alhambra, além de clubes noturnos e cabarés.
Em 1962, Inezita Barroso gravou as composições Tatu e Pezinho, recolhidas por Paixão Côrtes e Barbosa Lessa. No mesmo ano, recebeu o prêmio de Melhor Realização Folclórica Nacional. Em 1964, apresentou-se na Alemanha, na Feira Mundial de Transportes e Comunicação, na cidade de Munique. Recebeu ainda, no mesmo ano, o prêmio de Melhor Cantor Masculino de Folclore do Brasil.
Em 1986, apresentou-se durante um mês na Inglaterra, divulgando traduções de seus livros para o inglês.
Em 1992, a estátua do Laçador, do escultor Antônio Caringi, para a qual Paixão Cortes posou em 1954, foi escolhida como símbolo da cidade de Porto Alegre.
Em 2001 proferiu palestra sobre a música gaúcha no VII Encontro Nacional de Pesquisadores da MPB, realizado no Teatro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Em 2003 lançou seu novo manual, com mais danças, derivadas do primeiro. Por exemplo, Valsa da mão trocada, Mazurca Marcada, Mazurca Galopeada, Sarna, Grachaim.
Em 2010 é escolhido Patrono da 56a Feira do Livro de Porto Alegre.

Luiz Carlos Barbosa Lessa (Piratini, 13 de dezembro de 1929 — Camaquã, 11 de março de 2002) foi um folclorista, escritor, músico, advogado e historiador brasileiro.

Escreveu cerca de 61 obras, entre contos, músicas e romances. Participou intensivamente do processo para recuperação da cultura gaúcha. Fez parte do grupo que fundou o Movimento Tradicionalista Gaúcho e o primeiro CTG (Centro de Tradições Gaúchas) no Rio Grande do Sul.
Dentre suas obras mais conhecidas destacam-se Rodeio dos ventos, um épico sobra a vida do povo gaúcho, e Os guaxos, pelo qual recebeu prêmio em 1959 da Academia Brasileira de Letras.
Ao mesmo tempo em que se dedicava à implantação do tradicionalismo, Lessa passou a pesquisar a música regional. Em 1957, criou a popular toada Negrinho do Pastoreio, canção é baseada na lenda do jovem escravo que, ao perder a tropilha de cavalos do patrão, é agrilhoado a um formigueiro para ser devorado pelos insetos. A canção de Barbosa Lessa foi cantada por dezenas de intérpretes, entre eles Inezita Barroso, Leopoldo Rassier e a dupla Kleiton & Kledir.

Glaucus Saraiva da Fonseca (São Jerônimo, 24 de dezembro de 1921 - Porto Alegre, 17 de julho 1983), Glaucus Saraiva, também conhecido como Glauco Saraiva, foi um poeta gaúcho, da poesia crioula, tradicionalista, folclorista, historiador, professor, pesquisador, escritor, conferencista, músico, e compositor brasileiro. É personagem importante do tradicionalismo gaúcho, juntamente com Paixão Cortes e Barbosa Lessa.

Era filho de Álvaro Saraiva da Fonseca e Luiza Saraiva da Fonseca, o filho mais novo de uma família tradicional gaúcha. Teve 07 (sete) irmãos: Agamenon Saraiva da Fonseca, Demóstenes Saraiva da Fonseca, Marcos Vinicius Saraiva da Fonseca, Petronius Saraiva da Fonseca, Ligia Saraiva da Fonseca, Semíramis Saraiva da Fonseca, Iracema Saraiva da Fonseca. Deixou uma filha: Maria Luiza Saraiva Soares.
Foi sócio fundador da Estância da Poesia Crioula e do 35 Centro de Tradições Gaúcha, do qual foi o primeiro patrão (presidente). Idealizou e tornou realidade o IGTF - Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, órgão vinculado a Secretária de Estado da Cultura, instituído pelo Decreto n.º 23.613, de 27 de dezembro de 1974, tendo sido seu primeiro diretor técnico, e o Parque Histórico General Bento Gonçalves da Silva, na Estância do Cristal, em Camaquã, e o Galpão Crioulo do Palácio Piratini, que pelo Decreto Estadual nº 31.204, de 1º de agosto de 1983, passou a chamar-se Galpão Gaúcho Glaucus Saraiva
Foi professor de folclore do curso de Pós-Graduação da Faculdade de Música Palestrina, professor no Curso de Extensão Universitária da PUC (Folclore na Educação) e no SENAC (Culinária Gauchesca e Usos e Costumes do Sul), e conferencista internacional sobre folclore. Presidiu três congressos tradicionalistas: em Santa Vitória do Palmar (1973), Pelotas (1975) e Passo Fundo (1977). Desenvolveu, também, profunda pesquisa sobre os brinquedos tradicionais das crianças gaúchas, promovendo exposições e publicações a este respeito. Formulou a Carta de Princípios do MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcho, o mais importante documento para a fixação da ideologia e dos compromissos tradicionalistas, aprovada no 8º Congresso Tradicionalista, em julho de 1961 em Taquara - RS. Autor da nomenclatura simbólica do tradicionalismo.
Publicou ainda os ensaios “Manual do Tradicionalista” e “Catálogo da Mostra de Folclore Juvenil”. Foi vocalista dos conjuntos “Os Gaudérios” e “Quitandinha Serenaders” entre 1950 e 1955, além de atuar na Rádio Farroupilha e Rádio Nacional do Rio de Janeiro, de 1948 a 1955. Mas sua ligação com a música foi ainda mais profunda: Cigarro de Palha, Porongo Velho, Tropereada, O Rum é a Gente que Abre, Casa Grande de Estância (com Luiz Telles), entre outras.



Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paix%C3%A3o_C%C3%B4rtes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Barbosa_Lessa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Glauco_Saraiva

Orígem da palavra Gaúcho

Bueno! Vamos começar nossa viagem pela cultura gaúcha com um tema bastante polêmico: A orígem da palavra Gaúcho.
O termo Gaúcho, em espanhol sê pronuncia gáucho, com a primeira sílaba tônica, designa os habitantes dos pampas da Argentina, Uruguai e Brasil, é o gentílico de quem nasce no Rio Grande do Sul.
A Origem do nome remonta ao século XVI, e de onde provem o termo é um mistério com explicações diversas.
Lá pelos anos de mil setecentos e alguma coisa, os habitantes do pampa era denominados como guascas, que significa tira de couro cru. Esta palavra é utilizada até hoje para se referir ao índio corajoso. Segundo o historiador argentino Emilio Coni, por volta de 1770 surgiu o termo gaudério, aplicado aos "aventureiros paulistas que deserdavam das tropas regulares para se tornarem coureadores e ladrões de gado". Coni afirma que a expressão "gaúcho" torna-se corrente nos documentos a partir de 1790, como sinônimo de gaudério e também para designar os ladrões de gado que atuavam nos dois lados da fronteira.

A maioria dos autores rio-grandenses, no entanto, aceita outra explicação: seria uma corruptela da palavra Huagchu, de origem quêchua - dialeto falado por algumas tribos argentinas -  traduzida por guacho, que significa órfão e designaria os filhos de índia com branco português ou espanhol.
Barbosa Lessa,  em seu livro Rodeio dos Ventos, aponta duas correntes: Uma, do falecido professor Buenaventura Caviglio, reporta-se ao instrumento garrocha, espécie de foice com que outrora cortavam o jarrete dos bois durante as caçadas de couro; garrucho seria o homem portador de garrocha; e como os guaranis não conheciam o som rr, passaram a dizer guahucho.
A outra corrente, liderada pelo professor Fernando Assunção, reporta-se à palavra francesa gauche (pronuncie-se "gôche"), que significa esquerdo e, por extensão, tudo o que não é direito; daí o galicismo espanhol gaucho, aplicado em Geometria e Arquitetura para significar aquilo que está fora de nível; e o primitivo gaúcho era considerado, dentro da superfície ou do plano social, como um defeito da raça espanhola.
Barbossa Lessa aponta outra hipótese, que eu acho a mais provável: Quando o Rei da Espanha mandou casais de agricultores das Ilhas Canárias povoarem a recém-fundada Montevidéu, eles transplantaram a palavra pela qual identificavam os nativos das ilhas.- guanche, ou guancho - para designar os habitantes que encontraram por aqui, com o tempo a pronúncia passou a ser gáucho, aportuguesada para gaúcho.

De qualquer forma, os primeiros gaúchos foram gaudérios que vagavam sem patrão, pelos pampas sulamericanos.
Fontes:
http://www.paginadogaucho.com.br/intro.htm
http://www.paginadogaucho.com.br/hist/gaucho.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ga%C3%BAcho