Eu gosto de contar estórias antigas. Também gosto de comparar os episódios atuais com os passados. Deve ser coisa da idade. Então vamos lá: vou fazer as duas coisas num post só.
Foi no ano de 1990, eu estava em Porto Alegre a serviço e soube que Leonel Brizola estava no aeroporto Salgado Filho retornando ao Rio de Janeiro depois de votar no primeiro turno da eleição presidencial, a qual perdera - Lulla e Collor passaram ao segundo turno. Alguns colegas, entre eles um brisolista fanático, me convenceram a ir ao aeroporto cumprimentar o caudilho. Nunca simpatizei muito com o homem, mas era um gaúcho famoso e não custava nada dar um quebra costela no vivente, lá fomos nós.
Lembro com se fosse hoje o semblante alegre do velho, nos recebeu como amigos, e eu, fingindo ser brizolista lasquei: - Não deu né Doutor? E ele, olhando dentro dos meus olhos respondeu: As vezes, perdendo também se ganha, guri!
Só fui entender a resposta dois anos depois, quando, no episódio do impiche do Caçador de Marajás, Brizola ficou ao lado de Collor.
E porque Brizola foi um dos poucos políticos a defender Collor naquele momento? Porque ainda almejava ser presidente do Brasil, e temia que fizessem com ele o que fizeram com Collor.
Mais ou menos o que está acontecendo agora, quando alguns países do sul do mundo - casualemente aqueles com aspirantes a ditadores no comando - tentam intervir num país soberano, que destituiu seu presidente seguindo os trâmites constitucionais. Se a moda pega, não vai sobrar nenhum tiranete pra contar a história. Alias, nestes mesmos países não faltam motivos nem artigos constitucionais para depor seus atuais mandaletes. O que falta é oposição, e como diria Collor nos bons tempos: falta bago roxo.