"Me chamam de Boca Braba, mas eu, nem brabo não fico / Não desfaço quem é pobre nem adulo quem é rico / Quando gosto eu elogio, quando não gosto critico / E onde tem 'galo cantando', eu vou lá e quebro-lhe o bico." João de Almeida Neto
Buenas Indiada! Estamos chegando para mais um programa do Boca Braba. Aqui na Rádio Vento Norte. Quero mandar um quebra-costela bem chinchado pra gauchada que está na escuta do programa, agradecendo ao Patrão da Estância Eterna por me permitir estar aqui e pedindo que Ele abençoe a nós todos.
A tropeada de hoje é sobre a A Tradição e a Modernidade, o passado e o futuro da cultura gaúcha.
Hoje vamos falar sobre o modernismo e como isso atrapalha ou ajuda a nossa tradição.
Mas antes, como de costume, vamos executar o hino rio grandense e ouvir aquela oração em forma de canção, hoje, com Wilson Paim e Tibúrcio da Estância.
Tibúrcio da Estância é um índio taura, lá de Santo Augusto, assim com Mano Lima e Baitaca, foi criado na lida campeira e canta as coisas do rio grande com propriedade, gravou seu primeiro álbum em 2001 e tem feito imenso sucesso desde então. Pois, Tibúrcio da Estância tem 35 mil inscritos no seu canal no Youtube, 95 mil seguidores no Facebook e uma média de mais de 700 ouvintes por mês no Spotify, números superiores a muitos artistas mais conhecidos que ele.
Eu tô falando isso, por que o assunto hoje é a evolução, e este é um exemplo de como a tecnologia pode ajudar na divulgação da cultura gaúcha.
Mas antes, vamos ouvir algumas marcas que falam da tradição e do modernismo.
Tamo de volta com esta tropeada do boca braba, hoje falando sobre a Tradição e o Modernismo.
Ouvimos, no bloco anterior, alguns exemplos de tradição e modernismo. Tibúrcio da Estância, Mano Lima e Baitaca nós sabemos que são exemplos de xucrismo, e assim como tantos outros, transmitem nas suas composições o Tradicionalismo genuíno da pampa gaúcha, já os Grupos Buenas e M'espalho e Estado das Coisas representam a cultura gaúcha num formato mais moderno.
Ouçam o que o grupo estado das coisas diz sobre o projeto Rock de Galpão: "Rock de Galpão é um projeto especial da banda Estado das Coisas que consiste na pesquisa, no resgate e na valorização da música regional do Rio Grande do Sul para explorar sua riqueza e diversidade sonora e traduzi-la em versões contemporâneas. A proposta musical do Rock de Galpão é definida pelo diretor artístico do projeto, Hique Gomez, como Hiperpampa: um conceito aberto para o diálogo universal, com influência de um passado cultural, mas de frente para o hiperespaço." Cabe dizer que o grupo Estado das Coisas não é uma banda de música tradicionalista, o estilo deles é mais voltado ao rock mesmo, porém eles criaram o projeto Rock de Galpão para, como o próprio nome diz, unir o ritmo do rock com a tradição gaúcha.
Já o grupo Buenas e M'espalho, tem um objetivo semelhante de mostrar a música tradicional gaúcha com uma roupagem contemporânea, porém mantendo o ritmo original. O Grupo é formado pelos músicos Cristiano Quevedo, Shana Müller, Érlon Péricles e Ângelo Franco.
Vamos trazer mais alguns exemplos de Tradição e Modernismo, desta vez fazendo o caminho inverso, mostrando exemplos de artistas que começaram com a música gaúcha e enveredaram por outros caminhos.
Deise Veiga nasceu em Bagé, e hoje mora em Florianópolis. É dona de um timbre de voz incomparável, e depois de ganhar vários prêmios em diversos festivais se enveredou pela música popular brasileira. Se tu tiveres um tempo, vale a pena conferir o trabalho desta gauchinha. O link para as redes sociais dela tu encontras aqui Deise VeigaFacebookSpotifyDeezer.
Este bloco tem o apoio cultural de Nathus Brasil A Nathus é uma loja de produtos naturais em capsulas, onde tu podes encontrar suplementos alimentares de ótima qualidade para o teu bem estar.
Seguindo nossa tropeada, vamos pagar algumas contas, algumas pendências que ficaram de programas passados.
Quando falamos das parcerias do gaúcho, o amigo Oaires, lá de Canoas, pediu a música Companheira, de Pedro Ortaça, com certeza em homenagem a Carla sua esposa e eu extendo a todas as gaúchas que estão na escuta do programa. E também, lembrando dos Festivais, pediu, Morocha Não, do saudoso Leonardo.
E eu vou explicar, bem rapidinho, a história desta música. Na 4ª Coxilha Nativista de Cruz Alta, no ano de 1984, o cantor e compositor David Menezes Jr. concorreu com a música Morocha, que fez grande sucesso e gerou uma polêmica maior ainda. Se fosse nos dias de hoje, acho que o índio seria até preso. No mesmo ano, Jader Teixeira compôs e Leonardo apresentou, na 2a Recoluta da Canção Crioula de Guaíba, a música Morocha Não. Como uma resposta a altura para a música do Davi Menezes.
Vamos ouvir então,as duas composições e depois Pedro Ortaça.
Tamo de volta com a nossa tropeada, desta feita apresentando o Chasque do Boca Braba, o momento em que este tocador de rádio deixa sua mensagem franca e sincera.
Mas antes quero mandar um quebra-costelas muito especial pros amigos e amigas da página do programa no facebook: O Jorge Mello, meu tocaio. O Gabriel Ortaça, O Flávio Hammel, o Felipe da Celesc, o Mauricio da Silva, o Mauro Pereira, a Renata Hammel Schelle e a Sueli Senhori, a todos meus sinceros agradecimentos. Tu podes encontra a página do programa no facebook.com/programadobocabraba
Eu acompanho a cultura gaúcha desde que me conheço por gente, mais o meu envolvimento mesmo começou em 1983, quando eu era presidente do Grêmio Estudantil Edgar Otto Fleck Neto, em Ibirubá, Prá quem não sabe, Ibirubá, é uma cidade próxima a Cruz Alta. Tão próxima que dá até pra dizer que Cruz Alta pertence a região metropolitana de Ibirubá. Então eu, pra arrecadar verba pro grêmio estudantil, trouxe o famoso e hoje saudoso cantor missioneiro Noel Guarani. Numa próxima oportunidade eu conto com mais detalhes como eu convenci o cantor da Bossoroca a fazer uma apresentação beneficente numa cidade pequena. Mas o que me chamou a atenção é que já naquela época havia uma espécie de disputa entre o tradicionalismo missioneiro e o galponeiro, e o Noel, pesquisador da cultura gaúcha, citou essas divergências na sua apresentação.
De lá pra cá, eu sempre percebi essa espécie de patrulha do purismo da cultura gaúcha contra o modernismo.
Então, eu vou expressar meu ponto de vista:
Prá começar, só pra desenvolver o raciocínio, sem querer entrar em controvérsias, vamos fixar o início da cultura gaúcha no ano de 1835. Durante a revolução Farroupilha onde nasceu a República Rio Grandense. O automóvel não tinha sido inventado ainda, e rádio, televisão, internet não existia nem nos devaneios de algum louco.
Imagina se nossos antepassados fossem puristas como alguns tradicionalistas de hoje em dia. A definição de gaúcho seria bem diferente daquela imaginada por Paixão Côrtes, mesmo porque o rádio e o disco foram grandes aliados na divulgação e fixação da imagem do gaúcho.
O que eu quero dizer com isso é que a evolução sempre existiu e sempre existirá.
Nós criamos uma identidade regional única juntando aspectos de várias culturas: Portuguesas, andaluz, mouras e até inglesas.
Temos hino, bandeira, brasão e uma identidade cultural que nos faz uma nação, mas não podemos ficar alheios a evolução.
Dentro da pátria grande existe uma pátria gaúcha e dentro desta nação regional existem divergências. Litoral, Serra, Missões, Fronteira, cada região tem suas peculiaridades. Se o lenço é amarrado de um jeito ou de outro, se a bombacha é mais larga ou mais estreita, não importa.
O que importa é o sentimento do gaúcho e a certeza que existe uma identidade cultural.
Temos que preservar e valorizar a nossa história e para isso colaboram vários projetos, mesmo aqueles com roupagens modernas que, se utilizando da tecnologia perpetuam nossa cultura.
Eu prefiro o negrinho do pastoreio cantado em forma de rock do que esses cantadores de sertanejo universitários se dizendo gaúchos só pra faturar uns pilas.
O Programa do Boca Braba tem o apoio cultural do Clube do Mel.
Bueno, chegou a hora da pajada, e hoje a prosa é no tema do programa e por conta de Nico Fagunde:
Tá na hora das patacuadas, e hoje é por conta do Mulita.
Hoje o bloco da fina flor da grossura tá loco de Bagual, vamos pealar Tio Nanato e Tibúrcio da Estância.
Estamos chegando ao final da nossa tropeada esperando que a gauchada tenha gostado do programa e pedindo ao Patrão da estância eterna que nos de força e saúde para estarmos todos aqui novamente na próxima semana.