segunda-feira, 4 de julho de 2022

Programa do Boca Braba 21ª Tropeada - Bloco 2

 

Programa do Boca Braba. A cultura gaúcha com opinião. Tamo de volta com esta tropeada do Boca Braba hoje falando sobre o Linguajar Campeiro.

A formação de um novo idioma não acontece da noite pro dia, nem se pode impor a um povo, como querem alguns grupelhos - iremos falar mais sobre isso no chasque do boca braba - Uma nova língua se forma da derivação de um idioma existente, e isso pode levar centenas de anos. Como exemplo, podemos citar o próprio idioma Português, que assim como o Espanhol e o Italiano, nasceram do Latim, que hoje só é falado no Vaticano. O mesmo aconteceu com o Inglês e o Alemão, que são derivados do idioma Anglo-saxão. Por isso as semelhanças entre estes idiomas de mesma origem. Curioso destacar que o Português, na sua origem era um dialeto falado pelas classes mais humildes do império romano, como acontece hoje nos fundões do Brasil. Inclusive, o Poeta Olavo Bilac, refere-se a língua portuguesa, no soneto de mesmo nome, como a “Última flor do Lácio, inculta e bela”, devido ao fato desta ter sido uma língua neolatina formada a partir do latim vulgar – falado pelos soldados romanos da região italiana do Lácio.

Bueno, voltando ao nosso tema, o idioma Gaúcho originou-se do Português e do Espanhol, e, conforme eu havia prometido, vamos ensinar, ou relembrar, alguns termos, mas antes, vamos ouvir mais algumas marcas recheadas de expressões regionais:

Dentre as centenas de expressões gauchescas, muitas são exclusivas do nosso vocabulário, outras são palavras que até existem no idioma português, mas, para nós tem um significado diverso. Dois exemplos clássicos são Barbaridade e Capaz. Que no linguajar campejano tem um significado diferente e, inclusive, vários significados, dependendo da entonação. Dos termos próprios, o mais famoso, com certeza é o Tchê. E já vou avisando que não tem nada a ver com o artigo "o" ou "a" do  idioma inglês, apesar de usarmos o tchê pra nos referirmos a alguém. Reza a lenda que o termo deriva da palavra espanhola celeste, ou da expressão gente do céu.

Se tu queres te aprofundar no idioma gauchês eu recomendo o livro Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Riograndense, do escritor Aldyr Garcia Schlee.

Nascido em Jaguarão, a 22 de novembro de 1934, Aldyr Garcia Schlee foi escritor fronteiriço e tradutor bilíngue, que escreveu e publicou sua obra tanto em português quanto em espanhol. Com larga carreira no jornalismo, nas artes gráficas e no magistério superior do Brasil, foi desenhista profissional (vencedor, em 1953, de concurso nacional para a escolha do uniforme da Seleção Brasileira de Futebol), foi também jornalista (ganhador do Prêmio Esso de Reportagem, em 1962) e Doutor em Ciências Humanas, tendo atuado por mais de 30 anos na Universidade Federal de Pelotas e na Universidade Católica de Pelotas (onde fundou o Curso de Jornalismo), concluindo sua carreira universitária como professor-visitante do Programa de Pós-graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre.
Aldyr Garcia Schlee partiu pra a estância de cima em 15 de novembro de 2018.

Se tu queres conhecer melhor as obras de Aldyr Garcia e inclusive baixar o dicionário pampeano em pdf, podes acessar em dicionariopampeano.com.br

Ouvimos, a composição de Rogério Ávila, música de Leonel Gomez, na voz deste, Namoro de Corvo, depois, Adelar Rosa, Budega do Nenê, e a última, Walther Moraes, Pra Não Falar Em Cavalo.

Falamos das orígens do nosso linguajar e que este teve influência do Português e do Espanhol, mas não podemos esquecer que o Rio Grande foi colonizado por outras culturas, como a Alemã e a Italiana, e, nestas regiões nossa fala teve influência destes dois povos.
Então, vamos homenageá-los com duas marcas:

Ouvimos, Os Três Chirus, Vaquinha Preta, depois, Gugu Gaiteiro cantou, Del Fondo dea Rossa, versão em italiano do sucesso do Baitaca, Do Fundo Da Grota.

Vamos ouvir os chasques dos apoiadores locais e já voltamos.