sexta-feira, 30 de julho de 2010

Depois Não Diga Que Eu Não Avisei!

Que o PT é socialista todo mundo sabe, basta ver o primeiro e verdadeiro programa de governo de Dilma e o famigerado PNDH3 - Plano Nacional-socialista dos Direitos Humanos, porém, na hora de fazer campanha ele vira um capitalista ferrenho, não só para agradar as socialaites e enganar os trouxas mas também para pedir dinheiro ao empresariado. Agora a coordenação de campanha está enviando correspondências pedindo dinheiro. São três formatos de cartas: um para quem doou na última campanha, outro para quem ainda não doou e o último - este é uma pérola -  para quem foi intimado na campanha anterior e não se coçou. Abaixo, cópia  do modelo mais ameaçador - obtido no blog do Políbio Braga - é algo do tipo "depois não diga que eu não avisei". Alguém duvida do poder de persuasão de um partido que tem o  comando da Receita e da Polícia Federal?
Clique na imagem, depois clique denovo para ler.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Quem Tem Medo dos Radicais do PT?

A revista IstoÉ desta semana traz uma reportagem tendenciosa sobre os últimos acontecimentos da campanha eleitoral acusando o PSDB de "recorrer a velhos fantasmas e tentar assustar o eleitor ao vincular o PT a grupos terroristas e ao crime organizado". Segundo a reportagem o PSDB estaria apelando para a "tática do medo".
Primeiro: Não são fantasmas nem velhos, são fatos bem recentes e verdadeiros. Vamos desenhar para que o pessoal "isento" da IstoÉ possa entender: O PT TEM SÓLIDAS RELAÇÕES COM  AS FARC QUE TEM LIGAÇÕES UMBILICAIS COM O NARCOTRÁFICO. Fernandinho Beiramar também tem relações com as FARC, deve ser para trocar figurinhas da copa.
Segundo: Índio da Costa tem obrigação de trazer para o debate os podres do PT, já que a oposição de mentirinha não está muito afim de ganhar as eleições. Pelo menos o povo fica sabendo o que lhe espera.
Terceiro: Mesmo sendo claramente dilmista, a reportagem mostra, ao tentar justificar o título, algumas provas do envolvimento PT-FARC, veja um trecho:
"Mas, fora as fantasias, o que há de real entre o PT e as Farc? Para responder a essa pergunta, é preciso voltar ao ano de 1990. Com a dissolução da União Soviética, a esquerda mundial estava desamparada. Na América Latina, por sugestão de Fidel Castro, Lula acabou propondo a criação do Foro de São Paulo, a fim de aglutinar partidos, sindicatos e organizações de esquerda. As Farc integraram esse movimento, embora na ocasião ainda não se conhecessem vínculos dela com o narcotráfico. Daí para a frente, a guerrilha sempre participou das reuniões do Foro e recebeu o apoio político de seus membros. O PT chegou a cultivar relações com representantes das Farc, principalmente com o ex-padre Olivério Medina."
Eu, particularmente, estou gostando desta fase "fantasmagórica" da campanha Serra-Índio, vamos aguardar os próximos capítulos, combustível é que não falta.

terça-feira, 27 de julho de 2010

O Livro Proibido - Capítulo 4

Mais um capítulo do livro que ninguém quis publicar:
Capítulo 4

A história do 'acordo criminoso' da
chapa Lula/José Alencar em 2002

A revelação dos detalhes da negociação entre o Partido dos Trabalhadores e o Partido Liberal para acertar a chapa Lula/José Alencar que disputaria a Presidência da República em 2002 constituiu um dos episódios mais graves da era Lula. Não teve a repercussão merecida. A verdade é que não houve entendimento político em torno de propostas para o País, nem tampouco o debate sobre um programa de governo. Tratou-se de dinheiro, apenas. De quanto o PT repassaria para o PL, a fim de obter apoio do partido ao qual era filiado o homem que Lula desejava como seu vice-presidente.
Ao denunciar o escândalo do mensalão, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, qualificou a aliança eleitoral entre PT e PL de "acordo criminoso". Ele acusou o deputado cassado José Dirceu (PT-SP) e os presidentes nacionais das duas legendas, deputado José Genoino (PT-SP) e o na época ex-deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP), que havia renunciado para se livrar de eventual cassação do mandato por quebra de decoro. Mas deixou de fora Lula (PT-SP) e José Alencar (PL-MG). Trecho da denúncia encaminhada ao STF (Supremo Tribunal Federal), na qual o procurador-geral abordou as operações de lavagem de dinheiro com as quais o PT pagou o PL:
"De fato, consciente de que os montantes eram oriundos de organização criminosa voltada para o cometimento de crimes contra a administração pública e contra o sistema financeiro nacional, os denunciados articularam mecanismo para dissimular a origem, natureza e destino dos valores auferidos."
A história do acordo PT/PL quase não repercutiu porque foi revelada num dos momentos mais graves do escândalo do mensalão e acabou ofuscada pela enxurrada de... continua aqui

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A CNBB e o Aborto

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB é uma entidade civil que reúne os Bispos Católicos, não têm comando sobre temas de fé católica, isso cabe ao Papa, mas não podemos negar que a entidade tem grande influência sobre a sociedade e frequentemente assume posições sobre temas polêmicos. Um de seus bispos publicou no site da entidade um artigo recomendando aos fiéis que não vote em Dilma por ser ela uma defensora da discriminação do aborto, por seguir fielmente o que determina seu partido.
A CNBB retirou do seu site o artigo do Bispo e obrigou a diocese a fazer o mesmo. Resta a pergunta:
A CNBB é contra ou a favor do aborto?

Abaixo a íntegra do artigo, leia antes que a CNBB descubra.
No site da CNBB estava assim:

Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus

Com esta frase Jesus definiu bem a autonomia e o respeito, que deve haver entre a política (César) e a religião (Deus). Por isto a Igreja não se posiciona nem faz campanha a favor de nenhum partido ou candidato, mas faz parte da sua missão zelar para que o que é de “Deus” não seja manipulado ou usurpado por “César” e vice-versa.

Quando acontece essa usurpação ou manipulação é dever da Igreja intervir convidando a não votar em partido ou candidato que torne perigosa a liberdade religiosa e de consciência ou desrespeito à vida humana e aos valores da família, pois tudo isso é de Deus e não de César. Vice-versa extrapola da missão da Igreja querer dominar ou substituir-se ao estado, pois neste caso ela estaria usurpando o que é de César e não de Deus.

Já na campanha eleitoral de 1996, denunciei um candidato que ofendeu pública e comprovadamente a Igreja, pois esta atitude foi uma usurpação por parte de César daquilo que é de Deus, ou seja o respeito à liberdade religiosa.

Na atual conjuntura política o Partido dos Trabalhadores (PT) através de seu IIIº e IVº Congressos Nacionais (2007 e 2010 respectivamente), ratificando o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3) através da punição dos deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso, por serem defensores da vida, se posicionou pública e abertamente a favor da legalização do aborto, contra os valores da família e contra a liberdade de consciência.

Na condição de Bispo Diocesano, como responsável pela defesa da fé, da moral e dos princípios fundamentais da lei natural que - por serem naturais procedem do próprio Deus e por isso atingem a todos os homens -, denunciamos e condenamos como contrárias às leis de Deus todas as formas de atentado contra a vida, dom de Deus,como o suicídio, o homicídio assim como o aborto pelo qual, criminosa e covardemente, tira-se a vida de um ser humano, completamente incapaz de se defender. A liberação do aborto que vem sendo discutida e aprovada por alguns políticos não pode ser aceita por quem se diz cristão ou católico. Já afirmamos muitas vezes e agora repetimos: não temos partido político, mas não podemos deixar de condenar a legalização do aborto. (confira-se Ex. 20,13; MT 5,21).

Isto posto, recomendamos a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos a que não dêem seu voto à Senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais “liberações”, independentemente do partido a que pertençam.

Evangelizar é nossa responsabilidade, o que implica anunciar a verdade e denunciar o erro, procurando, dentro desses princípios, o melhor para o Brasil e nossos irmãos brasileiros e não é contrariando o Evangelho que podemos contar com as bênçãos de Deus e proteção de nossa Mãe e Padroeira, a Imaculada Conceição.


Dom Luiz Gonzaga Bergonzini

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Chávez - Jogada de Marketing

Para um neosocialista, Hugo Cháves conhece bem as práticas do capitalismo: O negócio é aproximar o consumidor do fornecedor.
Hugo Chávez mostrando a Maradonna o caminho das pedras

terça-feira, 20 de julho de 2010

Hugo Chávez: Yo no soy el diablo

Ainda sobre os três programas de governo do PT: O que vale mesmo é a intenção.
Augusto Nunes encontrou um vídeo que tem tudo a ver.
Como sempre, qualquer coincidência é mera semelhança.

30/06/2010
às 18:37 \ História em Imagens

A entrevista concedida por Chávez em 1998 explodiria qualquer detector de mentiras

Nesta entrevista gravada em 1998, o presidente eleito Hugo Chávez jurou que não tentaria reeleger-se, declarou-se contrário à nacionalização de empresas estrangeiras e à estatização de empresas privadas, celebrou a liberdade de imprensa, prometeu estreitar os vínculos com os Estados Unidos e garantiu que não interferiria em assuntos internos de outros países. Nos anos seguintes, fez exatamente o contrário do que disse.
Submetido a um detector de mentiras, este vídeo provavelmente explodiria o aparelho. Veja Hugo Chávez. E pense em quem você quiser.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

É GUERRA?

É Guerra que elles querem? Então toma:

Guerra – Sergio Guerra rebateu as declarações dos petistas sobre Indio. “O deputado Indio da Costa não promoveu nenhum crime de opinião e a Justiça vai dizer isso”, disse o senador. “Não vamos aceitar essa provocação. Ao contrário, vamos para cima deles. Vamos exigir o cumprimento da lei e esse pessoal não vai nos intimidar.”
“Nós não fabricamos dossiês, não andamos pelo subterrâneo. Aloprados não estão no nosso partido”, afirmou Guerra. “Existe gente que fala, que tem opinião, umas mais ofensivas outras menos, mas que estão no plano da democracia”, complementou o  senador tucano, referindo-se às declarações de Indio.
Segundo o senador, as declarações do vice não obedeceram a orientações de ninguém.Guerra endossou o coro encabeçado por Serra, de que Dilma seria produto de marketing. “Temos candidatos com projeto e eles têm uma fraude”, criticou.
Eduardo Jorge disse que a quebra de seu sigilio “é um método de trabalho” do PT. “A informação que a Receita precisa para identificar o autor da quebra leva 10 minutos.” Veja.com
Enquanto Isso...

A liados de Dilma pedem mais força ao MST *

*MST é uma espécie de FARCdoB só não usam fuzis AK-47 (ainda)

O PT Não tem mais Relações com as FARC

Depois de 20 anos de concumbinato, o PT e as FARC já não têm mais relações, mas continuam dormindo juntos só para manter as aparências.
Para refrescar a memória: http://antiforodesaopaulo.blogspot.com/

Finalmente um Índio Macho

Na minha terra, chamar alguém de Índio não é ofensa, é elogio. Índio para nós significa uma pessoa de origem humilde, porém honesta, uma personalidade forjada nas dificuldades da vida. Chamar alguém de Índio Macho então chega às raias da bajulação. Índio Macho é um índio que tem a coragem de, por exemplo, dizer aquilo que todo mundo sabe mas a maioria não diz. Lula Molusco quando disse que ia olhar dentro dos olhos de Hargmadirnejar - o louco atômico - e perguntar se o maluco estava querendo construir uma bomba atômica, bancou o índio macho, só bancou, porque na hora H mijou pra trás.
Quando anunciaram o vice de Serra eu pensei: não conheço esse sujeito mas o nome é bom, ele é do Rio de Janeiro mas se chama Índio, então deve ser gente boa, porque aqui no sul todo mundo é Índio, Bugre ou Pelo Duro (que é tudo a mesma coisa). Agora ele provou que, mais do que índio, é ÍNDIO MACHO!
O fato do PT querer processá-lo só prova que ele tem razão. O PT está metido com as FARC, as FARC estão metidas com narcotráfico até o talo, então o PT está metido como narcotráfico, questão de lógica.
Continue assim Índio Velho! Era isso que estava faltando nesta oposição de mentirinha.
Abaixo alguns links para você pesquisar se ainda resta alguma dúvida:
PT, FARC, FORUM DE SÃO PAULO / 1 - artigos

sábado, 17 de julho de 2010

Confirmado: Dilma Pressionou a Receita Para Proteger Sarney

Era a prova que faltava: Dilma, enquanto chefe da casa civil, pressionou a Receita Federal para encerrar uma investigação contra a famiglia de seu mais novo amigo de infância, José Sarney.
Para quem não lembra: A secretária da Receita Federal, Lina Vieira, havia declarado que encontrou-se com Dilma Rouseff, antes de ela se chamar Lula, para tratar do assunto. O poste negou e colocou em movimento toda a máquina do governo para abafar o caso. Agora a revista Veja volta ao assunto. Abaixo matéria de Veja.com, volto em seguida:

Eleições 2010

Dilma volta a negar que tenha pressionado Lina Vieira

Em resposta à reportagem de Veja, a candidata do PT, Dilma Rousseff, voltou a negar que tenha se encontrado com a ex-secretária da Receita Lina Vieira


TSE: Dilma recebe quarta multa Pinóquia mostrando o tamanho que fica seu nariz quando mente (AE)
 
"A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, voltou a negar que tenha se encontrado com a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, para pressioná-la a encerrar uma investigação fiscal contra a família Sarney. 'Afirmo que tive reuniões com ela (Lina Vieira), que não foram as que ela relatou', disse no início da tarde deste sábado, antes de encontro político realizado em Jales, no interior de São Paulo.
A ex-ministra voltou a ser questionada sobre a denúncia da controversa reunião com Lina Vieira, supostamente ocorrida em 9 de outubro de 2008, porque a revista Veja publicou reportagem neste final de semana trazendo novos indícios que confirmariam a história contada pela ex-secretária da Receita Federal. 'Não tive acesso ainda à reportagem e não acredito nisto', reafirmou.
Na reportagem de Veja, o técnico de informática Demetrius Sampaio Felinto afirma que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República escondeu imagens gravadas pelo circuito interno de TV do Palácio do Planalto que comprovam a suposta reunião. Única maneira de provar quem diz a verdade (Dilma ou Lina Vieira), as imagens teriam sido apagadas, segundo informações divulgadas à época pelo serviço de segurança da Presidência, levando o caso a ser encerrado.
À Veja, Felinto disse que vinha sofrendo pressão para não revelar a existência do vídeo. Ainda de acordo com a revista semanal, o denunciante vinha há sete meses negociando com o comitê de campanha do PT a não divulgação das imagens. E que também vinha tentando obter vantagem para divulgar ou não, dependendo do interesse de quem se propusesse a pagar."
Sigam-me os bons: Demétrius diz que estava negociando com o comitê de campanha do PT para não divulgar as imagens, há sete meses, e tentando negociar com o 'outro lado'. Como as imagens não foram mostradas até agora é óbvio que ele não negociou com o PSDB. É Demétrius! negociatas, dossiês, subornos, falcatruas, terrorismo eleitoral é mesmo com o PT.

Lulla falando de Collor

É o Collor falando do Lulla ou o Lulla falando do Collor? Sei lá. É tudo a lesma lerda!


É pessoal, Lulla perdeu a eleição para Collor em 1989, mas aprendeu rapidinho.
Enquanto isso: "É Lulla apoiando Collor, é Collor apoiando Dilma"
É Elles quem dizem: ouça aqui.

Um Pouco de História: Tancredo Neves

Minha filha não gosta da disciplina de História, talvez seja culpa do professor, sei lá. Na tentativa de fazê-la superar esta dificuldade disse-lhe o seguinte: O conhecimento do passado é importante para entender o presente e prever o futuro. Acho que não ajudou muito, então vamos à prática:

No período que compreendeu o Regime Militar no Brasil, do golpe militar ou revolução ou contra-golpe de 1964 até a eleição de Tancredo Neves (1985), a escolha do Presidente da República era feita através de um Colégio Eleitoral (Deputados e Senadores). O Governo Militar havia extinguido todos os partidos e autorizado a criação de apenas duas organizações políticas que não podiam ter denominação de partido: a Aliança Renovadora Nacional - ARENA, do governo, e o Movimento Democrático Brasileiro – MDB, de oposição. Como o regime militar havia cassado os políticos considerados subversivos (aqueles que faziam oposição mais ferrenha) e os Senadores eram indicados pelo Presidente, a eleição presidencial era uma espécie de teatro para dar um ar de democracia na eleição, ganhava sempre o candidato da Arena que apresentava uma chapa composta por um General como candidato a presidente e um civil com vice. Esta situação permaneceu até Janeiro de 1985 quando foi apresentado uma chapa civil com, acreditem, Paulo Maluf como candidato da Arena a presidência da república.

Em 1980, o presidente General João Figueiredo, deu uma afrouxada no regime militar. Entre outras coisas permitiu a volta dos exilados e autorizou a criação de partidos políticos. Com isso Arena e MDB foram extintos e deram origem ao PDS e PMDB respectivamente.
Para a eleição do sucessor de Figueiredo houve uma grande disputa para a indicação do candidato do PDS, imaginava-se, por motivos óbvios, que o indicado do PDS já poderia se considerar eleito. A briga era entre Paulo Maluf e... José Sarney Sim! Sarney era, já na época, amigo de infância de quem estivesse no poder. Ganhou Maluf, que já colecionava processos e o ódio até mesmo de políticos tão corruptos quanto ele, e provocou um racha no PDS: os amigos de Sarney criaram uma corrente chamada de Frente Liberal, que viria a ser mais tarde o Partido da Frente Liberal – PFL.
O PMDB escolheu Tancredo Neves para candidato e a Frente Liberal indicou o vice: José Sarney.
A dissidência do PDS foi decisiva e em 15 de Janeiro 1985 o Brasil, ou melhor, o colégio eleitoral, elegeu não só o primeiro presidente civil em 25 anos, mas um presidente de oposição.
Houvesse internet na época – não havia nem computador pessoal e um equipamento com a capacidade deste que você está usando agora ocupava uma sala inteira - seriam criadas diversas teorias da conspiração*: Na véspera da posse, Tancredo Neves foi internado, o vice assumiu (aceitaríamos qualquer coisa para ver os militares fora do poder), o primeiro presidente civil em 25 anos faleceu em 21 de Abril e José Sarney passou a ser o presidente do Brasil. Aquele que serviu a ditadura durante todo o regime militar e só saiu do partido do governo porque não foi indicado, passou a ser o dono do poder e não largou o osso até hoje. Na eleição do primeiro presidente por voto direto lá estava o seu indicado como vice e a história se repetiu, bom, isso já é outra história.

*Esta não é a única explicação para não haver nenhuma teoria conspiratória sobre a morte de Tancredo, afinal, não existe nenhuma teoria da conspiração sobre fatos ocorridos durante o regime militar e, só para complicar um pouco, os próprios militares não gostaram da idéia de escolher Maluf candidato e talvez, só talvez, acharam uma forma de eleger Sarney e, ao mesmo tempo, homenagear Tancredo:
Devido às complicações cirúrgicas ocorridas - para o que concorreram as péssimas condições ambientais do Hospital de Base do Distrito Federal, que estava com a Unidade de Tratamento Intensivo demolida, em obras -, o estado de saúde se agravou, e teve de ser transferido em 26 de março para o Hospital das Clínicas de São Paulo. Durante todo o período em que ficou internado, Tancredo sofreu sete cirurgias. No entanto, em 21 de abril (na mesma data da morte de Tiradentes), Tancredo faleceu vítima de infecção generalizada, aos 75 anos.
Na época, havia rumores que Tancredo já havia morrido há dias e sua morte não era anunciada a espera de se resolverem os problemas políticos resultantes da formação do novo governo presidido por José Sarney e para a data da morte coincidir com a data da morte de Tiradentes.Wikipedia

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Lula Começa a escrever sua auto-biografia

Dizem que os invertebrados têm cérebro (minúsculo,  é claro) mas não têm consciência de si mesmos. Aí vai um exemplo:
“Nossa passagem pela Terra é curta. E a gente não pode ficar a vida inteira esperando a vontade de um burocrata* que tá com a bunda na cadeira, com ar-condicionado, sentado, sem se preocupar como é que o povo está vivendo" Lula Molusco da Silva
*burocrata segundo o Michaelis on-line
s m+f (fr bureaucrate) 1 Empregado público, especialmente o das secretarias de Estado. 2 Aquele que tem influência nas repartições públicas, de cujo pessoal faz parte.
Pronto! Lula escreveu o primeiro capítulo de sua auto-biografia.

O EXÉRCITO SECRETO DE DILMA

Lembra-se do post Exército Comunista de Dilma já Está Pronto?
Parecia exagero, não? Pois saiba que o tal 'exército' não é formado apenas por militrastes do PT. Tem gente graúda oriunda de dentro do aparelho do governo Lula. Veja editorial de hoje do Estadão:

16/07/2010às 6:45

O EXÉRCITO SECRETO DE DILMA

Estranhamente, a Receita Federal levou quase um mês para reconhecer, na semana passada, que servidores do órgão abriram declarações de renda do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, arquivadas nos computadores do Fisco. Cópias desses documentos, trechos dos quais foram publicados pela Folha de S.Paulo, fariam parte, segundo o jornal, de um dossiê antitucano em preparo por pessoas ligadas à campanha da candidata petista Dilma Rousseff. A Receita se gaba de ter sistemas dos mais avançados para saber praticamente de imediato quem, quando e onde acessou quais informações de quais contribuintes.
Agora, mais estranhamente ainda, o titular da Receita, Otacílio Cartaxo, convidado a depor no Senado, disse que os resultados da sindicância interna sobre o caso só serão divulgados no limite do período legal de até 120 dias - ou seja, depois do primeiro turno das eleições - para que o trabalho não corra o risco de ser impugnado. Não se sabe de onde ele tirou a ideia de que uma correição não possa terminar antes do prazo máximo. O que o bom senso permite presumir é que a Receita, com os meios de que dispõe, poderia, se quisesse, esclarecer numa fração do tempo autorizado o primeiro grande escândalo da temporada.
A investigação, com efeito, já apurou que as declarações de Eduardo Jorge referentes a 2008 e 2009 foram examinadas 5 ou 6 vezes por funcionários do Fisco lotados fora de Brasília, conforme Cartaxo. Mas ele se recusou a dar os nomes desses funcionários, invocando o imperativo do sigilo. Sob a proteção do sigilo estavam, isso sim, as declarações acessadas para fins escusos, a julgar pelo destino dado às suas cópias. O Estado noticiou ontem que a Receita desconfia que pelo menos um de seus auditores, devidamente identificado, bisbilhotou os dados fiscais do dirigente do PSDB “com motivação duvidosa”.
O que o órgão conhece do episódio decerto supera o que afirma conhecer. E, quanto mais tempo levar para acabar com essa dualidade, mais fundadas serão as suspeitas de que a demora em pôr a questão em pratos limpos esconde a intenção de poupar a candidata do presidente Lula das consequências da verdade que emergir. Não há evidências, ao menos por ora, de que a Receita foi posta a trabalhar para Dilma.
Mas a instituição não está acima do bem e do mal - longe disso, considerando o retrospecto. Recentemente, para citar outro caso ainda por deslindar, vazaram informações sobre possíveis problemas fiscais da empresa Natura, de Guilherme Leal, companheiro de chapa da candidata Marina Silva, do PV.
O tucano Eduardo Jorge considerou “uma enrolação” o depoimento do secretário da Receita. Para ele, ao não dar os nomes dos envolvidos na operação, Cartaxo se comportou como um agente do governo e não como um servidor do Estado. Mas outro não é o sentido do aparelhamento do setor público federal na era Lula: fazer da administração um prolongamento do sistema formado pelo PT e os seus aliados no aparato sindical e nos chamados movimentos sociais, que se condensa no termo lulismo. Nada mais natural que os seus agentes sejam ativados para formar o exército secreto (ou nem tanto) da campanha de Dilma. Analogamente ao papel das forças especiais em conflitos armados, a eles incumbe o trabalho sujo contra o inimigo.
O essencial é que há uma linha de continuidade entre a conduta vexaminosa do presidente da República no processo eleitoral e, como diria ele, a do “mais humilde” daqueles trazidos para dentro da máquina estatal com a tarefa de perpetuar o lulismo no poder. Em última análise, o funcionário que espia as declarações de renda de um oposicionista, na expectativa de achar algo capaz de atingir o candidato a quem ele está ligado, e o chefe de governo que se vale despudoradamente do cargo para eleger a sua sucessora são coautores de um mesmo ilícito.
A diferença é que Lula delínque - e reincide - às claras, abandonando-se ao deboche. Tanto que, a pretexto de pedir desculpas pelo “erro político” (sic) de enaltecer a ex-ministra num evento oficial, reconhecendo que não deveria fazê-lo, já no dia seguinte ele tornou a louvar a “companheira Dilma”. É uma lambança.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sua vida em um click

Pensou que eu estava brincando no post Estado Policialesco. Ninguém está Salvo!
Então veja os vídeos abaixo:






O "cidadão comum" precisa pagar R$ 2.000. Já para os aloprados da campanha da boneca inflável, os funcionários de Lula fazem de graça (ou quase).

Agora falando (mais)sério - Dicas para tentar escapar, já que nossos dados já estão na mão dos bandidos:
  1. Não forneça nenhuma informação por telefone ou e-mail.
  2. Se alguém ligar dizendo ser de empresa de Cartão de Crédito, Telefônicas, bancos, Serasa, etc... desligue imediatamente, na dúvida peça um número (tem que ser 0800) para retornar a ligação. Verifique se o número pertence a empresa citada.
  3. Tenha sempre a mão um telefone de contato de seus familiares (celular, escola, trabalho), se alguém ligar dizendo ter sequestrado um parente seu, mantenha a calma, tente entrar em contato com a pessoa supostamente sequestrada.
  4. Seja esperto. Ninguém vai ligar dizendo que você ganhou algum prêmio. Sempre será golpe.
  5. Ore a Deus todas as noites e ao acordar.

Lula propõe medida anti-corrupção

O mais interessante nessa história do programa do PT e suas três versões - cada uma um pouco menos comunista que a anterior, mas todas comunas - é que nenhuma delas apresenta uma linha sequer sobre o combate a corrupção (quem souber o motivo ganha um botom com uma estrela vermelha). Agora o presidente que trocou de nome apresenta sua mais espetacular medida para evitar a corrupção: Vai proibir os pais de dar aquela popular palmadinha educativa em seus filhos.
Vamos propor uma emenda popular: quinhentas chibatadas em políticos corruptos e hipócritas. Que tal?

Estado Policialesco. Ninguém está Salvo!

Ao ver as notícias sobre quebra de sigilo fiscal, agora assumido pela Receita que foi de dentro do governo, alguém pode pensar: Eu não tenho nada a ver com isso. Têm! Imagina que você está no trânsito e esbarra, por acaso, o seu veículo com outro dirigido por um membro do governo. Pronto. Ele pode acessar sua declaração de Imposto de Renda, sua conta bancária, sua ficha policial ( quem pode acessar também pode inserir dados) e você estará lascado. Até provar que não é cavalo já comeu um saco de milho.
Estamos vivendo num estado policialesco, onde o governo não tem freios, e ninguém está salvo.
Veja o comentário do Coronel sobre o caso:

Não foi só Eduardo Jorge.

É muita inocência pensar que foi apenas o histórico fiscal de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, que foi vasculhado pelo governo petista para montar um Dossiê contra Serra. É óbvio que foram dezenas, talvez centenas de adversários que tiveram os dados devassados dentro da Receita Federal, por funcionários públicos corruptos e safados, agindo por interesses políticos e eleitoreiros. O caso de Eduardo Jorge só veio à tona porque os quadrilheiros do Fisco, seguindo ordens dos bandidos do Comitê, subordinados aos estelionatários eleitorais da Campanha, sob a proteção do chefão da Sofisticada Organização Criminosa, acharam que tinham encontrado um grave problema nas suas declarações de renda. Tiraram cópias, passaram adiante e os documentos vieram parar nas mãos da imprensa. Não há dúvida alguma que vasculharam a vida de José Serra, Geraldo Alckmin, Yeda Crusius, Álvaro Dias, Rodrigo Maia, José Agripino e dezenas de outros membros da oposição. Seria interessante que estes políticos pudessem saber quantas "movimentações" e "acessos" ocorreram nas suas declarações de renda, quem as fez e quem as comandou. Obviamente, apareceriam os nomes  dos mesmos bandidos salafrários que agiram contra Eduardo Jorge.
 Matéria publicada em O Globo. Clique sobre a imagem para ampliar e ler.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Lula: Dilma é responsável pela existência do que não existe

Lula mudou seu discurso. Antes ele dizia "No princípio só havia as trevas, aí eu disse: faça-se a luz", agora ele diz "No princípio só havia Lula, aí eu criei a Dilma".
E a criatura, segundo o criador, é tão onipotente quanto ele. Na "inauguração" do edital de licitação do trem bala, Lula sentenciou:

Dilma é responsável pela existência do trem-bala


Como o trem só vai ficar pronto, talvez, em 2018, Dilma é responsável pela existência do que ainda não existe.
A manchete é da Folha.com que "esqueceu" de citar mais um crime eleitoral de Lula, como veremos abaixo:


"A verdade é que nós devemos o sucesso disso tudo que a gente está comemorando a uma mulher. Nem poderia falar o nome dela, mas a história a gente não pode esconder por causa da eleição. Dilma assumiu a responsabilidade de fazer esse TAV [Trem de Alta Velocidade] e foi ela que cuidou. Não podemos negar isso", disse Lula.
Numa única frase, Lula anuncia um crime eleitoral, admite que sabe que está cometendo um crime e o comete. Além de mais uma mentira na sua coleção: A ideia do trem bala é antiga e Dilma não pode assumir a responsabilidade de algo que, com certeza, não fará. Ou Lula está pensando em mantê-la no poder até 2018?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Centrais Sindicais: Aparelhos do PT com o seu dinheiro

Se você é um trabalhador assalariado sabe que o valor de um dia de seu trabalho vai para as centrais sindicais todos os anos. Se você é um empresário, saiba que os seus empregados contribuem para as centrais sindicais. Esta contribuição é compulsória e obrigatória. A aplicação dos valores arrecadados deveriam ser fiscalizados pelo TCU, afinal, as centrais são entidades públicas e o dinheiro que as sustentam vem dos trabalhadores, deveriam, mas não são. Sabe porque? Porque o nosso ilustre presidente sindicalista vetou o artigo da lei que previa a fiscalização.
Pois é, caro colega trabalhador, o seu dinheiro serve para sustentar a mordomia ( e as putarias ) dos dirigentes das centrais que não precisam dar satisfação do uso do dinheiro (seu dinheiro) para os órgãos fiscalizadores e muito menos para você.
E como será que as centrais agradecem o Presidente por tamanho benefício? Ora, fazendo campanha pra Dilma!

domingo, 11 de julho de 2010

O Livro Proibido - Capítulo 3 - 'Lula, o chefe'

Mais um capítulo do livro que ninguém quis publicar, leia antes que deletem.

Para baixar o livro completo clique aqui

Capítulo 3

Lula, o chefe

O Palácio do Planalto bem que tentou abafar, mas desde o início o presidente Lula esteve no centro da crise política. O escândalo do mensalão eclodiu em 14 de maio de 2005, com a divulgação de uma gravação clandestina pela revista Veja. Maurício Marinho, funcionário dos Correios, pôs no bolso do paletó R$ 3 mil. Propina. De cara, a evidente vinculação do PTB ao esquema de corrupção. Os Correios eram área de influência do partido, uma das agremiações integrantes da base aliada do Governo Federal, capitaneada pelo PT, a legenda de Lula.
Enquanto os telejornais escancaravam a fita com as imagens de Maurício Marinho enfiando o dinheiro no bolso, Lula apressava-se em defender o deputado Roberto Jefferson (RJ), presidente nacional do PTB. Palavras de Lula, alto e bom som, em 17 de maio de 2005:
- Precisamos ter solidariedade com os parceiros, não se pode condenar ninguém por antecipação.
Lula se pronunciou durante almoço com aliados. O presidente insistiu:
- Parceria é parceria. Tem de ter solidariedade.
E arrematou, para não deixar dúvidas:
- Essa é a hora em que Roberto Jefferson vai saber quem é amigo dele e quem não é.
Lula estava preocupado. Recorda-se que, alguns meses antes, dissera a seguinte frase endereçada a Roberto Jefferson, em meio ao noticiário que especulava sobre um pagamento de R$ 10 milhões do PT ao PTB, com vistas a "comprar" o apoio dos trabalhistas às eleições municipais de 2004:
- Eu te daria um cheque em branco e dormiria tranquilo.
A gravação de Maurício Marinho trouxe outras complicações. Como se sabe, ele desandou a conversar com os interlocutores que o subornavam, sem saber que estava sendo gravado. O funcionário dos Correios mencionou uma empresa, a Novadata, pertencente a Mauro Dutra, o "Maurinho", amigo de Lula havia mais de 20 anos. A Novadata fornecia computadores para o Governo Federal. Apenas nos dois anos e meio da primeira administração Lula, faturou R$ 284,5 milhões, sendo R$ 110 milhões em contratos com a Caixa Econômica Federal, R$ 100 milhões em contratos de locação de 27.500 computadores para a Petrobras e R$ 16,2 milhões em vendas aos Correios.
Aqui uma pausa, para registrar: Lula passou o réveillon de 2001 na mansão de Mauro Dutra em Búzios, no badalado litoral do Rio. O mesmo Maurinho que fez contribuições ao PT, arrecadou dinheiro para o partido e emprestou avião a Lula. Na fita, Maurício Marinho fala de "acertos" em licitações. Descreve manobra da Novadata para superfaturar computadores. A empresa tentou fazer o preço de cada computador vendido ao governo dar um salto injustificado, de R$ 3.700 para R$ 6.000.
Logo nos primeiros dias da crise, Lula trabalhou abertamente contra a ideia de se criar uma CPI para investigar a corrupção nos Correios. Foi decisão de governo: a administração federal iria liberar dinheiro de emendas ao Orçamento a todos os parlamentares que votassem contra a CPI. Faltou combinar com os jornais.
Roberto Jefferson foi destaque no noticiário político. As incursões do presidente do PTB nos subterrâneos de Brasília revelaram várias suspeitas de corrupção. Lula achou por bem se afastar do aliado, mas continuou a trabalhar contra a instalação da CPI. Roberto Jefferson estava cada vez mais isolado. Os estrategistas do presidente não imaginaram que o desgaste do político fluminense o levasse a uma reação explosiva.
Em 6 de junho de 2005, Roberto Jefferson concedeu uma entrevista-bomba ao jornal Folha de S.Paulo. O Brasil não seria mais o mesmo. A manchete, na primeira página, para não deixar dúvidas: "PT dava mesada de R$ 30 mil a parlamentares, diz Jefferson". O escândalo do mensalão assumiria contornos dramáticos.
Leal ao presidente que procurou protegê-lo, Roberto Jefferson tentou deixá-lo fora da crise. Mas logo implicou o superministro José Dirceu (PT-SP). A Folha de S.Paulo também reproduzia a reação de José Dirceu, assim que ouviu Roberto Jefferson falar sobre os repasses. Infere-se que a tarefa de fazer as operações de distribuição do dinheiro era de responsabilidade do tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Palavras de José Dirceu
- Eu falei para não fazer.
Ora, se o todo-poderoso ministro da Casa Civil, braço direito de Lula, disse a Delúbio Soares para não fazer, fica implícito que a prática fora pensada, discutida e provavelmente era de amplo conhecimento do chamado "núcleo duro" do governo. Destaca-se que Delúbio tinha relação histórica com Lula.
Mas voltemos a Roberto Jefferson, que envolveu no seu relato à Folha de S.Paulo outros importantes auxiliares do presidente. Se os mencionados já não conhecessem os fatos, ficariam com a obrigação de tomar providências assim que foram informados. Afinal, Lula não poderia permanecer alheio à existência de um esquema que entregava dinheiro a parlamentares. Isso, claro, se já não soubesse muito bem o que acontecia.
Roberto Jefferson contou que levou informações sobre o mensalão ao ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB-CE). Da mesma forma que José Dirceu, deveria informar o presidente sobre o que lhe fora relatado. Assim, providências enérgicas impediriam o prosseguimento da prática de suborno. E faria isso como dever de lealdade, independentemente das suas convicções. Conforme Jefferson, Ciro Gomes lhe disse que não acreditava na história da transferência de dinheiro de caixa 2 para a base aliada.
Rodeado de ministros leais, Lula não fugiria do seu dever constitucional de determinar imediata abertura de investigações, com a finalidade de punir eventuais culpados. Outra hipótese, porém: Lula teria dado carta branca às operações de suborno. Agora, deixaria o tempo amainar a situação, confiando na falta de memória da imprensa e dos brasileiros.
Depois foi a vez de Miro Teixeira (PT-RJ), ministro das Comunicações. Os deputados José Múcio (PTB-PE) e João Lyra (PTB-AL) testemunharam a conversa na qual Roberto Jefferson pediu para Miro Teixeira contar tudo a Lula. Tem mais. Jefferson também discutiu o problema com o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), o então líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, e garante que expôs tudo ao ministro Antonio Palocci (PT-SP), outro integrante do "núcleo duro" do governo. O recado estava dado.
Aparentemente, só Miro Teixeira levou a coisa a sério. Pelo menos num primeiro momento. A prova é que informações prestadas por ele fizeram o Jornal do Brasil denunciar em manchete, em 24 de setembro de 2004: "Planalto paga mesada a deputados". Trecho de abertura da reportagem: "O governo montou no Congresso um esquema de verbas e cargos para premiar partidos fiéis ao Planalto. Chama-se mensalão".
Não houve consequências. O então presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), prometeu instaurar sindicância para apurar a denúncia do Jornal do Brasil, mas foi tudo engavetado às pressas. E Miro Teixeira capitulou. Antes disso, no entanto, havia narrado o caso a Lula. Aí é que a coisa pega. Miro Teixeira era oriundo do PDT (Partido Democrático Trabalhista), mas se transferira para o PT e assumira a liderança do governo Lula na Câmara dos Deputados. O episódio aconteceu logo após o escândalo que culminou com a saída de Waldomiro Diniz do Ministério da Casa Civil, no primeiro grande caso de corrupção da era Lula, a ser relatado adiante.
Miro Teixeira, no papel de líder, era assediado por deputados que temiam pelo fim da "mesada" fornecida pelo governo, uma hipótese aventada com a saída de Waldomiro Diniz. Afinal, o assessor de José Dirceu, defenestrado da Casa Civil, cuidava justamente da relação da administração federal com o Congresso. Miro Teixeira foi duro. Em 25 de fevereiro de 2004, disse ao presidente que deixaria a liderança do governo. Não aceitava os pagamentos. Com ar de surpresa, Lula garantiu desconhecer o assunto. E disse que iria discuti-lo, sem falta, com José Dirceu. Nada. Pouco mais de um mês depois, Miro Teixeira voltou ao Palácio do Planalto e pediu para sair da liderança. Infelizmente, não levou o caso até as últimas consequências. Substituiu-o o deputado Professor Luizinho (PT-SP), que viria posteriormente a ser acusado de envolvimento no mesmo escândalo do mensalão.
Em 5 de janeiro de 2005, Roberto Jefferson levou o assunto diretamente a Lula. Quem testemunhou foi o ministro Walfrido dos Mares Guia (PTB-MG), do Turismo. Nenhuma providência tomada. Roberto Jefferson voltou a Lula novamente, em 23 de março de 2005. Desta vez, várias pessoas ouviram a conversa sobre as "mesadas do Delúbio". Jefferson expôs tudo. Presenciaram José Dirceu, Aldo Rebelo e José Múcio. Todos os três, aliás, já sabiam do assunto. Além deles, ouviram o relato o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) e o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho (PT-SP). Da mesma forma, eles não poderiam mais alegar desconhecimento. Jefferson afirmou:
- Presidente, o Delúbio vai botar uma dinamite na sua cadeira.
Reação de Lula:
- Que mensalão?
Interessante destacar que no segundo mandato de Lula, Walfrido dos Mares Guia e José Múcio, braços direito e esquerdo de Roberto Jefferson no PTB até eclodir o escândalo do mensalão, seriam promovidos por Lula. Walfrido iria do morno Ministério do Turismo para o chamativo Ministério das Relações Institucionais, exatamente para ser o responsável pela relação do governo com o Congresso. E Múcio sairia da liderança do PTB para a liderança do governo na Câmara. E quando Walfrido fosse afastado depois da acusação de envolvimento com o chamado mensalão mineiro, Lula não teria dúvidas: promoveria mais uma vez Múcio, nomeando-o ministro das Relações Institucionais. Em 2009, Lula recompensaria os bons serviços prestados por Múcio, indicando-o para uma vaga no TCU (Tribunal de Contas da União).
Por que os aliados de Roberto Jefferson assumiram papéis de destaque na administração Lula? É simples: porque blindaram Lula no episódio das denúncias de Roberto Jefferson. Não respaldaram nem deram eco às acusações que poderiam levar ao impeachment do presidente. E foram recompensados por terem sido leais.
Mas voltemos uma vez mais no tempo. Houve outro episódio, dez meses antes daquele encontro entre Jefferson e Lula, em 23 de março de 2005. Ocorreu na noite de 25 de maio de 2004. O curioso é que, desta vez, Lula introduziu o assunto. A comitiva do presidente estava em viagem oficial à China. Lá pelas tantas, depois do farto jantar, Lula se virou para o deputado Paulo Rocha (PT-PA) e perguntou se ele já ouvira falar do pagamento de mesadas a parlamentares. Para entender: durante os desdobramentos do escândalo do mensalão, Paulo Rocha preferiu renunciar ao mandato a correr o risco de ser cassado, justamente por ter feito saques de dinheiro de caixa 2. Rocha negou a história, obviamente. Mas outros três deputados que estavam no jantar na China confirmaram a veracidade da conversa à revista Veja.
Com a explosão do escândalo do mensalão, Aldo Rebelo (PC do B-SP) foi escalado para falar em nome do Palácio do Planalto. Admitiu que Lula ouvira mesmo o relato de Jefferson em 23 de março de 2005, mas tratou de proteger o presidente. Para Rebelo, a denúncia envolvia o PT e outros partidos, não o governo. Ora, o PT é o partido de Lula. E os outros partidos dão sustentação política ao governo Lula. Estavam sendo pagos para isso. Como protegê-lo?
O líder de Lula no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), tentou explicar a reunião de 23 de março:
- Nenhum dos presentes tratou aquilo como denúncia, nem discutiu o assunto na reunião. Depois, Lula chamou Aldo e Chinaglia e perguntou se havia comentários sobre isso na Câmara. Não houve denúncia, apenas o relato de boato.
Para Aloizio Mercadante, portanto, Lula, o grande beneficiário da maioria forjada para apoiar o seu governo no Congresso, não tinha providências a tomar sobre o assunto. Pois, afinal, não havia "comentários" sobre o tema.
A Folha de S.Paulo ainda circulava com a denúncia de Roberto Jefferson sobre o mensalão naquele 6 de junho de 2005, quando o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), veio a público revelar que dois deputados receberam propostas para se transferir à base aliada do governo Lula, em troca de dinheiro. Mais lenha na fogueira.
Pior: em 5 de maio de 2004, Marconi Perillo já havia levado o fato diretamente ao conhecimento de Lula. Na época, o presidente disse que iria apurar. Não fez nada. De qualquer forma, não teria sentido dizer que não sabia do assunto. Meses depois, fustigado, o Palácio do Planalto se posicionou sobre o episódio por meio de nota. Informou que Lula não se recordava de nenhum comentário do governador Marconi Perillo a respeito de uma tentativa de suborno de deputados. Mais uma vez, Lula foi convenientemente escondido.
Em 12 de junho de 2005, nova entrevista de Roberto Jefferson à Folha. Ele deu detalhes da conversa com Lula, dentro do gabinete do presidente:
- Ele me pediu que explicasse como funcionava o mensalão. Eu disse. Depois ele se levantou, me deu um abraço e eu saí.
Na entrevista, a chave para entender por que o escândalo do mensalão não foi contido nos bastidores da política, e virou mesmo um escândalo. Roberto Jefferson relatou à repórter Renata Lo Prete a primeira conversa com Lula para falar dos repasses, em janeiro de 2005. Roberto Jefferson esforçou-se em salvaguardar o presidente:
- E vi a reação dele de perplexidade. E então as coisas pararam. Mas o que eu estranho é que a Abin, depois que eu disse isso ao presidente Lula, parte para mandar arapongas contra o PTB. Alguém, dentro do governo, não gostou que nós passamos essa informação ao presidente.
O "alguém" de Jefferson era o ministro José Dirceu. Teria sido acionado por Lula. E a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) entrara em ação, segundo o presidente do PTB. No final das contas, mostrou-se desastrosa a estratégia de fuçar a vida de Jefferson para descobrir podres do deputado, com vistas a obter o seu silêncio. Ele não aceitou a chantagem. O tiro saiu pela culatra.
Dia 13 de junho de 2005, o seguinte à entrevista da Folha: a assessoria de José Dirceu divulgou informações segundo as quais o relacionamento entre o ministro da Casa Civil e o presidente Lula era excelente. Bobagem. O importante do "recado" de José Dirceu estava na frase que, segundo a assessoria, o ministro havia proferido. A fala de Dirceu foi divulgada como sendo textual, entre aspas, e serviu para definir a sua relação com Lula:
- Não faço nada que não seja de comum acordo e determinado por ele.
Estava tudo aí. Dirceu, ao travar combate para não ser expelido do governo, fez ameaça velada a Lula, como quem diz: "Não ouse me fritar, muito menos me demitir. Sei demais. Posso e vou comprometê-lo". Mas ficou nisso. Dirceu jamais fez nada, apesar de, em outros momentos da crise, ter voltado a insinuar que poderia pôr o dedo na ferida. Chegou a alfinetar o presidente em algumas ocasiões, como da vez que fez críticas a Fábio Luís Lula da Silva, o "Lulinha", em entrevista concedida no início de 2008 à revista Piauí.
O mais importante da frase em que Dirceu deu o "recado" a Lula, porém, é a confissão de que agia conforme o acertado com o presidente. Por si só, a frase deveria ter se constituído em elemento de peso para justificar a abertura de processo por crime de responsabilidade contra Lula.
Em 14 de junho de 2005, Roberto Jefferson prestou depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Foi um dia histórico. Ele pediu o afastamento de José Dirceu do governo. Na prática, sentenciou à queda o homem mais importante da história do PT, depois de Lula:
- Zé Dirceu, se você não sair daí rápido, você vai fazer réu um homem inocente, o presidente Lula.
Para complicar as coisas, entrou em cena Fernanda Karina Ramos Somaggio, ex-secretária de Marcos Valério. A essa altura, Marcos Valério, o empresário dono de agências de publicidade e principal operador do mensalão, já era uma celebridade. Fernanda Karina disse em entrevista à revista Isto É Dinheiro que Marcos Valério tinha comunicação direta com José Dirceu.
O superministro de Lula também foi acusado de receber dinheiro do esquema de corrupção montado em Santo André (SP). Quem fez a denúncia foi Francisco Daniel, irmão do ex-prefeito Celso Daniel (PT). Aqui, Lula voltou ao centro da crise. Francisco Daniel disse que o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, transportou R$ 1,2 milhão de propina em seu carro. A origem do dinheiro, devidamente entregue ao então presidente nacional do PT, José Dirceu, seria a propina arrecadada na Prefeitura de Santo André.
José Dirceu foi afastado do governo em 16 de junho de 2005. Fazendo-se de alheio aos problemas, como sempre, Lula deu entrevista em Luziânia (GO) para dizer que as denúncias eram "vazias". Entrementes, nos bastidores de Brasília, o presidente trabalhava para frustrar a CPI dos Bingos, uma nova fonte de investigações contra o seu governo. Prometeu mundos e fundos para quem ficasse ao seu lado, mas não impediu a instalação da comissão.
Um episódio que mostrou Lula como sujeito atuante nos bastidores de seu governo, e não alguém sempre por fora dos "detalhes" comprometedores, como procurava se mostrar. Foi o caso da "simples" nomeação do diretor de Engenharia da empresa estatal Furnas Centrais Elétricas. O assunto relatado por Roberto Jefferson ocupou várias páginas de jornal. Não era para menos. O diretor, Dimas Toledo, administrava, de acordo com Roberto Jefferson, uma "sobra" de R$ 3 milhões ou R$ 4 milhões por mês, dependendo da versão, dinheiro abocanhado quase integralmente pelo PT.
O caso Furnas acabou contribuindo para o desgaste da relação PT/PTB, pois o partido de Roberto Jefferson não aceitava ficar à margem, relegado a um segundo plano. Pois bem: na partilha de cargos do governo, ficou combinado que Jefferson exerceria influência em Furnas. Ele queria trocar Dimas Toledo. Lula era simpático ao pleito do PTB. O presidente dissera a Jefferson:
- Roberto, por que está demorando tanto?
Lula não aceitaria argumentação alguma que prejudicasse o PTB:
- Nada disso. O Dimas vai sair.
No caminho, porém, estava José Dirceu, aparentemente cioso da fortuna em comissões e propina. Quando a casa caiu, Roberto Jefferson contou a história aos jornais. A reação instantânea do Palácio do Planalto foi afastar todos os citados, inclusive Dimas Toledo. Mas a história de Roberto Jefferson revelou que Lula tinha pleno conhecimento do que se passava nos porões do governo e palpitaria nas nomeações para cargos de escalões inferiores.
Outro caso vinculado diretamente a Lula ocorreu em 8 de julho de 2005, a partir de notícia publicada pelo jornal O Globo. A Telemar, uma das maiores operadoras de telefonia do País, investira R$ 5 milhões na pequena Gamecorp, de Fábio Luís Lula da Silva, o "Lulinha". Como se sabe, a Telemar fora constituída com recursos de origem pública, provenientes do Banco do Brasil, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e fundos de pensão de empresas estatais. Além disso, era empresa concessionária de serviço público, regulada pelo Governo Federal.
O negócio Telemar/Gamecorp foi intermediado pela consultoria de Antoninho Marmo Trevisan, outro amigo de Lula. Para o presidente, porém, nada de errado. A reação dele, nervosa, pretendendo pôr um ponto final no assunto que envolvia seu filho:
- Estão querendo mexer na minha vida privada. Isso é uma baixaria, um golpe baixo, um desrespeito. Isso é irracional.
Voltemos a um acontecimento importante, ocorrido em 17 de junho de 2005. Lula deu a famosa entrevista em Paris, divulgada com exclusividade pelo programa Fantástico, da Rede Globo. O impressionante da história foi o coro do presidente ao que acabara de ser dito por Marcos Valério e Delúbio Soares, ambos metidos até o pescoço na lambança do escândalo do mensalão. A estratégia dos três, apesar da diferença de tom das intervenções, foi a mesma: negar os pagamentos a parlamentares, ou seja, o crime de corrupção, e pôr tudo na conta de simples repasses para quitar dívidas de campanha, usando caixa 2. Um crime menor, portanto, apenas eleitoral. Para Lula, o PT fez o que é feito no Brasil, sistematicamente:
- E não é por causa do erro de um dirigente ou de outro que você pode dizer que o PT está envolvido em corrupção.
Enquanto Lula minimizava a crise, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) acusava o que chamou de "crime de quadrilha":
- Agora, o partido está dentro do governo, e foram usadas empresas públicas como o Correios e Furnas, para fazer transações ilícitas. Favoreceram essas empresas em troca do dinheiro dado ao partido.
Difícil tapar o sol com a peneira. Olívio Dutra (PT-RS), petista histórico, foi demitido do Ministério das Cidades. Ressentido, desabafou durante entrevista: a "disputa" e a "concentração de poder no governo" fizeram crescer a "erva daninha". Referia-se à erva daninha da corrupção.
Para ajudar a entender Lula, um acontecimento de 1995, dez anos antes do escândalo do mensalão. Outro petista histórico, o economista Paulo de Tarso Venceslau, procurou o presidente para conversar. Denunciou-lhe um esquema de corrupção que envolvia o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula. Ele vinha usando o nome de Lula para desviar dinheiro de prefeituras do PT. Venceslau não aceitava a prática, uma forma de irrigar os cofres do partido.
O economista achou que Lula o ajudaria a extirpar o corrupto que manchava o nome do PT, mesmo que o caso envolvesse seu compadre. Resultado: Paulo de Tarso Venceslau foi expulso do partido. Quanto a Teixeira, continuou firme e forte. Venceslau concedeu entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo:
- Lula foi o primeiro a saber do caso. Sabia do comprometimento do seu compadre, sabia do volume de dinheiro público envolvido, e fez questão não só de acobertar, mas de punir quem tinha descoberto.
O economista comparou Lula nos dois casos. Na década de 90, candidato a presidente, ao ser informado das andanças de Teixeira atrás de comissões em prefeituras, e depois, presidente da República, com o escândalo do mensalão:
- Eu levei para ele, pessoalmente. E o tempo todo fingiu que não sabia. Evidentemente que Lula não operava, assim como não está operando hoje. Mas como ele sabia naquela época, ele sabe hoje, sempre soube.
Depoimento de José Dirceu ao Conselho de Ética da Câmara. Quem roubou a cena foi Roberto Jefferson. Veio à tona a operação Portugal Telecom. Os fatos: o ministro Walfrido dos Mares Guia pediu ajuda a Lula para resolver problemas financeiros do PTB. Com o suposto conhecimento do presidente, Marcos Valério e Emerson Palmieri, tesoureiro do PTB, viajaram a Lisboa atrás de uma "comissão" que poderia chegar a R$ 100 milhões. A jogada pressupunha uma transferência de US$ 600 milhões do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), outro órgão do governo brasileiro envolvido nas denúncias. Se desse certo, os R$ 100 milhões irrigariam os caixas 2 do PT e do PTB. Marcos Valério chegou a Portugal se dizendo "consultor do presidente do Brasil". E ele era mesmo.
Mais uma história apimentada misturando Lula e caixa 2. Foi publicada em 4 de agosto de 2005, pelo jornal O Estado de S. Paulo. Diz respeito a uma entrevista do presidente ao Programa do Ratinho, do SBT, em 2004. A aparição de Lula na televisão teria sido comprada com R$ 2,1 milhões do valerioduto, como ficou conhecido o canal pelo qual corria o dinheiro movimentado por Marcos Valério. A soma teria viabilizado um acerto entre o deputado José Borba (PMDB-PR), aliado do governo, e o apresentador de televisão Carlos Roberto Massa, o "Ratinho". As partes negaram, obviamente. Dias depois, o escândalo do mensalão levaria Borba a renunciar ao mandato.
Um caso intrigante, o da exoneração de Márcio Araújo de Lacerda (PSB-MG), então secretário-executivo do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB-CE). Márcio Lacerda, que seria eleito prefeito de Belo Horizonte em 2008, estava na lista de sacadores de Marcos Valério, agraciado com R$ 457 mil. O dinheiro teria sido usado para pagar os serviços publicitários de uma agência que trabalhou na campanha de Lula, no segundo turno de 2002, conforme admitiu o tesoureiro Delúbio Soares. A eleição de Lula, portanto, teria sido irrigada com dinheiro de caixa 2. O caso repercutiu durante o depoimento de Delúbio Soares à CPI do Mensalão. Eis o diálogo travado entre Delúbio Soares e o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), que faleceu em 2007 no desastre com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Pergunta de Júlio Redecker:
- O dinheiro foi enviado para Ciro Gomes?
- Sim.
- Pagou despesas de campanha de Ciro ou Lula?
- De Ciro.
- Mas Ciro disse que foi serviço prestado pelo marqueteiro dele no segundo turno à campanha de Lula.
- Não foi. O dinheiro pagou serviços prestados pelo (publicitário) Einhart à campanha de Ciro no segundo turno.
- Mas Ciro não foi candidato no segundo turno. Ele apoiou a candidatura Lula.
- O Einhart trabalhou com o Duda Mendonça. Eles filmaram o Ciro para o programa de Lula no segundo turno. O dinheiro pagou despesas que o Ciro teve no segundo turno.
- Então o dinheiro de Valério, de caixa 2, pagou despesas de campanha de Lula no segundo turno.
Delúbio silenciou.
A crise assumiu contornos dramáticos em 11 de agosto de 2005. O publicitário Duda Mendonça confessou à CPI dos Correios que recebeu R$ 10,5 milhões de Marcos Valério em depósitos no exterior. Note-se bem: trata-se de dinheiro de caixa 2, não declarado, sem origem definida, usado para pagar serviços prestados na campanha de 2002, no pleito que elegeu Lula. Dia seguinte, em discurso no Planalto, Lula quis dar fim ao caso:
- O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas.
Em 13 de agosto de 2005, a revista Época publicou entrevista com Valdemar Costa Neto (PL-SP), o primeiro deputado a renunciar durante as investigações do escândalo do mensalão. Em foco, uma reunião ocorrida em 2002 para decidir o apoio do PL ao PT e a indicação de José Alencar para vice de Lula.
O encontro se deu no apartamento do então deputado Paulo Rocha (PT-PA), em Brasília. Paulo Rocha, aliás, também renunciaria em 2005, com medo de ser cassado, depois de não conseguir negar a sua participação no esquema de corrupção. Lula estava presente à reunião no apartamento de Paulo Rocha. Depois de árdua negociação, durante a qual Lula, discreto, teria se retirado a um aposento ao lado, fechou-se o acordo pelo qual o PT se prontificava a transferir R$ 10 milhões para o PL, a fim de obter o apoio do partido de José Alencar. Época perguntou a Valdemar Costa Neto:
- Lula sabia que a conversa no quarto era sobre dinheiro?
- Ele sabia. O presidente sabia o que a gente estava negociando. Olha, ele e o Zé Dirceu construíram o PT juntos. O Lula sabia o que o Dirceu estava fazendo. O Lula foi para lá para bater o martelo. Tudo o que o Zé Dirceu fez foi para construir o partido.
Note-se bem: Valdemar Costa Neto era o presidente do partido do vice-presidente da República. A sigla pertencia à base aliada do governo. A confissão dele teria sido outro elemento importante para justificar a abertura de processo por crime de responsabilidade contra Lula.
Vale registrar trecho da entrevista de Hélio Bicudo, respeitável jurista, à revista Veja. Hélio Bicudo, quadro histórico do PT, desligou-se do partido:
- Lula é um homem centralizador. Sempre foi presidente de fato do partido. É impossível que ele não soubesse como os fundos estavam sendo angariados e gastos e quem era o responsável. Não é porque o sujeito é candidato a presidente que não precisa saber de dinheiro. Pelo contrário. É aí que começa a corrupção.
- Por que o presidente não tomou nenhuma atitude para impedir que a situação chegasse aonde chegou?
- Ele é mestre em esconder a sujeira embaixo do tapete. Sempre agiu dessa forma.
Desabafo do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), outro acusado de envolvimento no escândalo do mensalão, durante uma reunião do Campo Majoritário, a corrente do PT cujas lideranças máximas sempre foram Lula e José Dirceu. Desgastado com as notícias de corrupção, o Campo Majoritário teve o nome alterado para Construindo um Novo Brasil, no segundo mandato de Lula. De qualquer forma, João Paulo Cunha fez ameaças veladas a Lula durante aquela reunião. Reclamou de ingratidão e hipocrisia. Apesar de feitas a portas fechadas, as ameaças acabaram na imprensa. Não foram desmentidas. O envolvimento de Lula, por João Paulo Cunha:
- Quem tomou a decisão de fazer alianças? Foi o Zé Dirceu? Quem exigiu o contrato com Duda Mendonça?
Em outras palavras, Lula não só sabia, como estava por trás de tudo. Era o chefe. Continuou a ser o chefe.
Insatisfeitos com o presidente, próceres do PT mantiveram a carga sobre Lula. Em entrevista à Folha de S.Paulo em 25 de setembro de 2005, José Dirceu disse quem, em sua opinião, eram os responsáveis pela crise:
- Muita gente. Parece que eu fui presidente do PT sete anos sozinho, secretário-geral cinco anos sozinho, né? O PT não foi construído assim. Tem dezenas de dirigentes importantes que hoje são prefeitos, governadores, ministros, deputados e senadores que participaram da construção de toda essa estratégia comigo.
- E o presidente.
- E o próprio presidente da República. É isso o que eu digo. A responsabilidade é de todos nós. Nós temos que debater isso, num congresso do partido, e fazer o balanço.
- O senhor acha que o presidente da República assume a responsabilidade que tem?
- Não quero nominar ninguém. O que eu não aceito é prejulgamento, que foi tudo errado, que foi tudo um fracasso, que a política de alianças do PT estava errada. Tudo foi aprovado democraticamente.
José Dirceu respondeu se Lula participou das discussões:
- Participou. Todos participaram. Mas eu quero discutir e avaliar. Eu não quero julgar ninguém porque eu não quero que me prejulguem. O que não aceito é a imagem de que eu fiz tudo sozinho e depois apareceu Silvio Pereira, Delúbio Soares e Marcelo Sereno, que são o mal. Então corta esse mal e o PT está salvo. Isso é maniqueísta. E eu não mereço isso.
Em outro trecho da entrevista, o jornal faz um comentário:
- As pessoas que votaram no PT a vida inteira imaginavam que votavam num partido que tinha práticas diferentes.
- Esse é um erro e o PT vai pagar por ele. Nós vamos ter que pedir desculpas ao País. Nós assumimos compromissos na campanha eleitoral com partidos e repassamos recursos. Se fossem da arrecadação oficial do PT, não teria problema nenhum. Como foram recursos de empréstimos tomados num banco e foram repassados fora da prestação de contas, há uma ilegalidade aí que vai ser punida pela Justiça.
Como se vê, José Dirceu deu eco à estratégia que desvincula o dinheiro movimentado durante o escândalo do mensalão da prática de corrupção, atribuindo as somas entregues a políticos a empréstimos bancários. Ele também fala sobre a política de alianças e o programa de governo de Lula:
- Então estão julgando Lula também. Tem de saber qual é o julgamento e qual é o grau de responsabilidade de cada um.
- E a responsabilidade política? As pessoas votam no Lula e ele não sabe de nada? É difícil acreditar que ele ignorava tudo.
- Não é isso. É que ele não tem responsabilidade. Eu não posso atribuir responsabilidade a ele no grau dele. O Lula tem responsabilidade política porque ele era líder do PT. Mas os graus são diferentes. Não posso atribuir a ele responsabilidade sobre o caixa 2. Aí eu não vou atribuir.
- Ele não tem responsabilidade como liderança?
- Isso é uma pergunta que tem de ser dirigida a ele. Eu não vou responder por ele.
Menos de duas semanas depois, foi a vez de Lula conceder entrevista. Ele falou ao programa Roda Viva, da TV Cultura. E retribuiu à altura:
- Feliz o País que tem um político da magnitude do Zé Dirceu.
Em outro momento da entrevista, Lula volta à carga:
- Qual a acusação que existe contra o Zé Dirceu?
Uma entrevista perigosa para o presidente. O entrevistado é Silvio Pereira, o ex-secretário-geral do PT. Falou à Folha de S.Paulo, em 2 de outubro de 2005:
- A minha responsabilidade não é diferente da de nenhum outro dos 21 membros da executiva nacional do PT. O nível de decisão que eu tinha não era diferente do de nenhum dos 21 membros da executiva nacional do PT.
"Silvinho" evitou citar nomes:
- Eu assumo a responsabilidade como membro da direção do PT, em que pese a direção do PT ter realmente a noção do que estava acontecendo. Ninguém é hipócrita de achar que não sabia que existia caixa 2. Qual membro da direção do PT não sabia disso?
O repórter perguntou se o então presidente do partido, José Genoino (SP), sabia do esquema de caixa 2. Palavras de Silvinho:
- Eu pergunto: qual o membro da alta direção do PT que não poderia supor que pudesse existir?
Silvinho se desligou do PT após admitir que havia ganhado um jipe Land Rover de presente de uma fornecedora da Petrobras. Depois, assumiria a responsabilidade perante a Justiça e, para não ser processado, concordaria em prestar serviços comunitários. Saiu livre.
Um fardo pesado para Lula, o caso Santo André. Em 23 de novembro de 2005, a empresária Rosângela Gabrilli depôs à CPI dos Bingos. Trouxe à luz meandros do esquema de corrupção engendrado na administração do ex-prefeito Celso Daniel (PT).
A irmã dela, Mara Gabrilli, pediu ajuda diretamente a Lula. Esteve no apartamento do presidente em São Bernardo do Campo (SP), e conversou com ele por 20 minutos. Descreveu um quadro de extorsão contra prestadores de serviços à Prefeitura de Santo André, controlada pelo PT, como a empresa da família dela. Lula ficou de "averiguar e tomar providências". Desabafo de Mara Gabrilli, confirmando o depoimento da irmã:
- Ninguém fez absolutamente nada. Nunca tive uma resposta.
Chamada a depor na mesma CPI dos Bingos, Mara Gabrilli revelou novas informações sobre o encontro dela com Lula. Na ocasião, contara ao presidente que Sérgio Gomes da Silva, o "Sombra", estava envolvido no esquema de corrupção. Sombra também era acusado de mandar matar Celso Daniel. Durante a reunião com Mara Gabrilli, o presidente Lula virou-se para os três assessores que o acompanhavam para dizer:
- Nossa, eu achei que o Sérgio Gomes já estava muito longe.
Como sempre, Lula dissimulou. Fez que não sabia o que se passava. Conveniente. O incrível é que o tal Sombra não saía do noticiário dos jornais. Vivia prestando depoimentos a CPI, Ministério Público e Polícia Civil. Como poderia estar "muito longe"? Como o presidente seria tão desinformado?
Lula não tomou providências para resolver o problema em Santo André, conforme se comprometera. Ao invés disso, a família de Mara Gabrilli passou a sofrer pressões. Ela explicou à CPI o que aconteceu após a conversa em São Bernardo do Campo. Referiu-se ao ex-vereador Klinger Luiz de Oliveira (PT), um dos acusados de envolvimento no esquema de corrupção:
- Ocorreu justamente o contrário. Klinger soube, reclamou, e dias depois uma comissão de sindicância da Prefeitura se instalou na nossa empresa.
Além de Santo André, a crise política teve outra ramificação importante em Ribeirão Preto (SP), terra de Antonio Palocci (PT-SP). Irromperam sucessivos indícios de condutas inadequadas e corrupção na cidade, na época em que a administração municipal estava sob o comando do prefeito Antonio Palocci. Apesar da gravidade das denúncias que só se avolumavam, Lula fez reiteradas defesas do seu ministro da Fazenda.
Quanto mais era denunciada a participação de Antonio Palocci na malversação dos contratos de limpeza pública de Ribeirão Preto, mais manifestações de Lula a elogiar o ex-prefeito. Como justificar a defesa de alguém cujos procedimentos e o envolvimento em possíveis falcatruas ficava cada vez mais evidente?
O noticiário era farto: inquéritos, provas documentais e testemunhas. Principalmente os depoimentos do advogado Rogério Buratti. Ele manteve ligações estreitas com o PT, mas decidiu contar o que sabia para melhorar sua situação na Justiça. Por que, então, a solidariedade a Antonio Palocci? Aparentemente, só havia uma explicação: Antonio Palocci sabia demais. Impossível a Lula simplesmente demiti-lo e mandá-lo de Brasília de volta a Ribeirão Preto. Neste sentido, Palocci era uma pedra no sapato do presidente.
Ao admitir a hipótese de impeachment de Lula, o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Roberto Busato, falou da proximidade do presidente com Luiz Gushiken (PT-SP), outro integrante do "núcleo duro" do Palácio do Planalto. Roberto Busato tratou do caso Visanet, ou seja, do dinheiro de publicidade do Banco do Brasil que, de acordo com as investigações da CPI dos Correios, foi desviado para o PT:
- A revelação de repasses de verba de publicidade da Visanet, ligada ao Banco do Brasil, a agências de Marcos Valério, e de distribuição a parlamentares sempre em épocas apropriadas ao governo, atingiu mortalmente o coração de Gushiken. E, ao atingir Gushiken, atinge Lula, na medida que o presidente não tomou nenhuma atitude para afastá-lo do governo. É prova inconteste de que Lula sabia exatamente de todo o esquema e estava de acordo com a sua existência.
Para Roberto Busato, não havia dúvidas:
- A participação de Lula é absolutamente baseada pela proximidade de quem sempre foi confidente e grande amigo de Gushiken. O ex-ministro realmente comandava toda a área de comunicação do Governo Federal, onde havia um desvio de dinheiro público para atividades partidárias e delituosas no sentido de corromper o Congresso Nacional.
Em depoimento à CPI dos Bingos, o economista Paulo de Tarso Venceslau apresentou mais evidências de que Lula tinha conhecimento sobre o que se passava à sua volta. Gente próxima do presidente estava exposta a denúncias de corrupção. Paulo de Tarso Venceslau relatou em 17 de janeiro de 2006 que enviara em 1995 uma carta a Lula para contar sobre as peripécias do amigo e compadre do presidente, advogado Roberto Teixeira. Na década de 80, Teixeira emprestara um imóvel para Lula morar em São Bernardo do Campo.
Roberto Teixeira representava uma empresa que vivia batendo nas portas das prefeituras do PT para obter contratos sem licitação, com base "em notas falsas e rasuradas". Apesar de informado, Lula nada fez na época. Como se vê, a coisa vinha de longe.
Insatisfeito com a falta de ação de Lula, Paulo de Tarso Venceslau procurou o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), sempre muito próximo do presidente. Reação de Aloizio Mercadante ao ler a carta endereçada a Lula, segundo a versão não desmentida de Paulo de Tarso Venceslau:
- Ele ficou chocadíssimo e disse: "Isso é nitroglicerina pura". Mas não fez nada. Afirmava que tentava sem conseguir. O silêncio continuou.
Pergunta-se: como "tentava sem conseguir"? Mercadante tinha acesso privilegiado a Lula. Sempre teve. Em 1994, por exemplo, foi candidato a vice-presidente da República quando Lula tentou chegar ao Palácio do Planalto pela segunda vez. Se Mercadante alertou sobre a inconveniência da presença de Teixeira mas não conseguiu afastá-lo do PT, a resistência teria sido do próprio Lula. Não havia outra hipótese. Venceslau também contou tudo a Frei Betto, outro amigo histórico de Lula. Frei Betto dirigiu-se assim a Venceslau:
- Se o Lula souber que alguém está conversando com você, ele jura que aquela pessoa vai ser decapitada do partido.
Lula protegia o esquema suspeito de corrupção, engendrado por seu compadre. Ressalte-se que isso ocorreu em 1995. Desde 1993, porém, Paulo de Tarso Venceslau vinha denunciando Roberto Teixeira. Na época, Venceslau era secretário de Finanças de São José dos Campos (SP), cidade cuja prefeita era Ângela Guadagnin (PT-SP).
Ângela Guadagnin foi ouvida depois do depoimento de Venceslau. Ela admitiu outro problema, o de que Paulo Okamotto, homem de confiança do presidente Lula, percorria prefeituras do PT na década de 90. Paulo Okamotto ia atrás de listas de fornecedores das administrações. De posse dos nomes das empresas, ia a campo pedir dinheiro a quem mantinha contratos com os governos do PT. Ângela Guadagnin é outra estrela do PT que teve papel importante nos desdobramentos do escândalo do mensalão. Aqui, ela admitiu:
- O que fica desse episódio é que se conhecia o esquema de arrecadação paralela há muito tempo, desde 1993.
A coisa é anterior. Em 1989, a primeira eleição direta para presidente depois da ditadura militar. A primeira disputada por Lula. Ele mesmo, pessoalmente, pediu à então prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, na época no PT, um esquema que alterasse a ordem cronológica dos pagamentos a empresas contratadas para fornecer bens e serviços à administração municipal.
Naquele final da década de 80, o Brasil vivia tempos de inflação galopante. Receber antes do prazo estipulado, portanto, permitiria fazer aplicações financeiras que renderiam bom dinheiro. Quem fosse contemplado com o benefício retribuiria à altura, com transferências generosas de dinheiro para o caixa 2 do PT. Luiza Erundina resistiu.
Em 1998, Lula foi candidato a presidente pela terceira vez. Em 9 de fevereiro de 2006, depôs ao Ministério Público o ex-secretário de Habitação de Mauá (SP), Altivo Ovando Júnior. No ano de 1998, aquela cidade da Grande São Paulo estava sob comando do prefeito Oswaldo Dias (PT). De acordo com o depoimento de Altivo Ovando Júnior, Lula pressionou por dinheiro para financiar a sua campanha eleitoral. Do depoimento:
"O declarante se recorda de que, no pleito de 1998, o presidente Lula compareceu no gabinete do prefeito de Mauá, oportunidade em que, utilizando termos chulos, cobrou de Oswaldo Dias maior arrecadação de propina em favor do PT."
Durante o depoimento, foi reproduzida frase atribuída a Lula:
"Ele dizia: ‘Pô, Oswaldão, tem que arrecadar mais, faz que nem o Celso Daniel em Santo André. Você quer que a gente ganhe a eleição como?"
Naquele ano, Lula voltou a perder, pela terceira vez consecutiva. Mas, em 2002, disputou novamente e foi eleito presidente da República. Passou a despachar no gabinete do terceiro andar do Palácio do Planalto. Após mais de três anos como o mais alto mandatário do País, ficaria difícil acreditar que não soubesse o que acontecia na sala bem ao lado da sua, ocupada durante parte daquele período de turbulência pelo superministro Antonio Palocci (PT-SP). E ali se urdiu a conspiração contra o caseiro Francenildo Santos Costa.
O rapaz havia desmascarado Antonio Palocci. Contestou as mentiras do ministro. Antonio Palocci procurava um meio de negar o impossível, o fato de ter sido um frequentador da "casa dos prazeres". A mansão fora alugada em Brasília pela "república de Ribeirão Preto", como ficou conhecido o grupo de colaboradores do então ministro, e costumava ser reduto para festas com garotas de programa.
Lula participou ativamente da tentativa de blindar Palocci. O presidente teria tramado o recurso ao STF (Supremo Tribunal Federal) para suspender o depoimento de Francenildo Santos Costa à CPI dos Bingos. As investigações sobre o caso mostraram que Lula fora informado pessoalmente da ordem de Palocci para a violação do sigilo bancário do caseiro. Jorge Mattoso, o então presidente da Caixa Econômica Federal, avisara-o em 24 de março de 2006.
A rigor, Lula já recebera informações a respeito quatro dias antes, em 20 de março, quando o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, relatou ao presidente o envolvimento de Antonio Palocci na quebra do sigilo. Palocci só seria afastado em 27 de março, uma semana depois. Naquele momento, não havia mais jeito de desvinculá-lo do crime. Durante todo o escândalo, para variar, Lula deu uma de quem não sabia de nada.
No auge da crise, em 23 de março, houve uma reunião na casa de Antonio Palocci. A revista Veja relatou que um sindicalista nomeado por Lula na vice-presidência da Caixa Econômica Federal fora escolhido para subornar algum funcionário da Caixa, com R$ 1 milhão. A ideia era encontrar alguém para assumir a violação do sigilo.
O tal sindicalista, Carlos Augusto Borges, era homem de confiança de Lula. Será possível que o presidente não soubesse da missão de Borges? Ou, ao contrário, teria sido exatamente o presidente quem o sugerira para pilotar a operação de suborno? Tudo indica que Lula considerava sua obrigação fazer o que estivesse ao alcance para salvar Antonio Palocci, que tantos serviços lhe prestara, desde a campanha eleitoral de 2002.
Lembra-se que foi Antonio Palocci quem assumiu o papel de coordenador daquela campanha, depois da morte de Celso Daniel. Infere-se que Antonio Palocci fez o que Celso Daniel estaria fazendo. Sabe-se que, depois da reunião na casa de Palocci, o ministro da Fazenda e Márcio Thomaz Bastos foram se encontrar com Lula no Palácio do Planalto.
Em 16 de abril de 2006, o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, concedeu entrevista à Folha de S.Paulo. Ele reproduziu as palavras de José Dirceu ao procurá-lo na véspera da votação do processo que cassou o mandato de deputado de José Dirceu. O ex-ministro queria o apoio de Anthony Garotinho para não perder o cargo. José Dirceu teria dito assim:
- Saiba que tudo o que fiz, tudo, fiz porque o Lula mandou. Você acha que ia mandar bloquear o dinheiro do Rio e o Palocci iria obedecer? Todo político tem alguém que faz o lado mau. Estou pagando agora por ter feito o lado mau.
Publicada a entrevista, o comentário do ex-deputado José Dirceu, devidamente cassado, sobre a declaração de Anthony Garotinho:
- Não vou bater boca com ele.
Informações que vieram a público e não foram desmentidas, durante a segunda quinzena de abril de 2006, davam conta de que José Dirceu, depois de cassado, continuou a se reunir com Lula e integrantes do Governo Federal. Fora incumbido pelo presidente de tocar tarefas estratégicas, como a de se encontrar com o ex-presidente Itamar Franco, com quem Lula tentava uma aproximação política. A rigor, José Dirceu continuaria a cumprir missões para as quais seria designado por Lula no segundo mandato do presidente. Exemplos: a articulação em defesa do mandato do senador José Sarney (PMDB-AP), acusado de quebra do decoro parlamentar; o estreitamento dos laços políticos entre PT e PMDB; e a costura política em prol da candidatura da ministra Dilma Rousseff (PT-RS) à Presidência da República em 2010.
Se Lula manteve relacionamento estratégico com José Dirceu, era falácia o discurso do presidente de que fora apunhalado pelas costas no escândalo do mensalão. O afastamento de José Dirceu de seu governo teria sido só um jeito de manter as aparências. Mesmo nos bastidores, Dirceu era essencial a Lula.
José Dirceu pagou caro. Foi cassado justamente por ter sido apontado como o responsável pelo esquema de corrupção. Ele apenas o operava. E como Lula não interrompeu a parceria com José Dirceu, era conversa mole a de que o presidente havia sido traído.
Este livro é um empenho pela memória. Tantos os caminhos da corrupção, dos personagens corruptores e corrompidos, que ao longo dos 403 dias da crise do escândalo do mensalão fizeram esquecer e cansar. Ficamos anestesiados, descrentes. Temos de lembrar.
Lula não queria a verdade. Nunca a quis. O chefe de tudo foi, desde o início, como se verá no dia a dia dos acontecimentos, o próprio presidente Lula.