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Programa do Boca Braba. A cultura gaúcha com opinião. Tamo de volta com a nossa tropeada, desta feita apresentando o Chasque do Boca Braba, o momento em que este tocador de rádio deixa sua mensagem franca e sincera.
Hoje vou contar uma história que talvez ilustre o momento conturbado em que vivemos.
Havia uma universidade, particular, muito conceituada, que formava ótimos profissionais em diversas áreas. Era uma faculdade cara, mas que era frequentada por alunos de diversas classes, já que o vestibular não era tão concorrido e as vagas nas universidades públicas, gratuitas, eram ocupadas por aqueles que podiam pagar os caros cursinhos pré-vestibular, coisas de Brasil.
Muitos alunos trabalhavam durante o dia para custear os estudos e frequentavam as aulas à noite , outros eram mantidos pelos pais e havia um pequeno grupo que conseguia bolsas de estudos.
Em 1988, a nova constituição federal determinou a autonomia das universidades, instituindo a eleição para reitores destas instituições, inclusive as particulares. Alunos, professores e funcionários elegem uma lista tríplice e o conselho universitário escolhe o reitor entre um destes três indicados, normalmente o mais votado é escolhido, pois o conselho não quer se indispor com a maioria dos eleitores escolhendo um que não tenha sido o mais votado.
Ocorre que, a partir de então, começou uma campanha política para a eleição do reitor. E, obviamente, passaram a ser eleitos, aqueles que prometiam vantagens, benefícios e cada vez mais direitos para os alunos e funcionários.
Não demorou muito para aparecerem os sintomas dessa administração política da universidade. O centro acadêmico passou a receber verba da instituição e os meios de comunicação, jornal, rádio e TV acadêmicas recebiam gordas verbas e, em retribuição, só veiculavam notícias favoráveis a administração da universidade. Os membros do diretório, também eleitos pelos alunos, eram isentos das mensalidades e nem tinham interesse em se formar, pois assim, poderiam se reeleger nos cargos. Pior, álcool, drogas e sexo, passaram a ser comum nas dependências da universidade, tudo com a complacência da reitoria. Casos de super salários, desvios de verbas e superfaturamento nos serviços passaram a surgir, mas eram devidamente abafados.
Porém, aqueles alunos que se esforçavam para pagar as mensalidades, que aumentavam cada vez mais para manter os privilégios e desmandos, e alguns funcionários honestos, perceberam que, se a situação continuasse, logo não haveria nem mais universidade. Esses, temendo perder seu emprego e anos de estudo, se mobilizaram e conseguiram eleger um reitor realmente comprometido com a instituição. O conselho acadêmico até que tentou, mas teve que aceitar e indicar o mais votado para assumir a reitoria.
A primeira decisão do novo reitor foi acabar com a verba para o centro acadêmico e seu jornaleco e determinar que a rádio e TV universitária voltassem ao seu papel realmente educativo. Acabou com a isenção dos membros do centro acadêmico e determinou uma rigorosa investigação nos casos de desvios de verbas e superfaturamento.
Agora eu te pergunto: Tu achas que aquela turma que se beneficiou durante anos com os desmandos, não vai fazer de tudo para destituir o atual reitor, torna-lo inelegível e trazer de volta o antigo mandatário?
Na sétima tropeada desta nova fase do Programa do Boca Braba nós falamos sobre a sabedoria campeira e faltou falar sobre o alambrador, que é sujeito que domina a ofício de construir cercas que aqui no sul se chama alambrado. Pois o alambrado tem um sentido social e filosófico, pois, apesar da figura do gaúcho ter surgido do índio vago, sem morada certa, o alambrado representa a demarcação das propriedades e tem um relacionamento direto com os outros parceiros do gaúcho: o gado e o cavalo.
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