sexta-feira, 18 de junho de 2010

A Vida após a Morte

José Saramago morreu. Para os poucos que não sabem José Saramago foi um grande escritor, comunista e ateu. Não necessariamente nesta ordem.
Sinto muito, como sinto a perda de qualquer pessoa, todos merecem viver, mas fico mais triste quando morre um ateu. Fico pensando: o que será desta alma? Se estiver certo e a morte for o fim de tudo, então perdemos  o grande escritor, tudo o que ele produziu, toda sua experiência de vida, todas as suas lembranças, tudo virará cinzas. Mas se existe vida após a morte, da mesma forma pergunto: o que será desta alma? O que acontecerá com a essência de alguém que acredita no nada? André Luiz, na psicografia de Chico Xavier, talvez nos de uma luz:

"­ Sim, André, este sono é, verdadeiramente, avançada imagem da morte. Aqui permanecem, com a bênção do abrigo, alguns milhões dos nossos irmãos que ainda dormem. São as criaturas que nunca se entregaram ao bem ativo e renovador, em torno de si, e mormente os que acreditaram convictamente na morte, como sendo o nada, o fim de tudo, o sono eterno. A crença na vida superior é atividade incessante da alma. A ferrugem ataca a enxada ociosa. O entorpecimento invade o Espírito vazio de ideal criador. Os que, nos círculos carnais, homens e mulheres, crêem na vida eterna, ainda que não sejam fundamentalmente cristãos, estão desenvolvendo faculdades de movimentação espiritual e podem penetrar as esferas extraterrenas em estado animador, pelo menos quanto à locomoção e juízo mais ou menos exato. No entanto, as criaturas que perseveram em negação deliberada e absoluta, não obstante, por vezes, filiadas a cultos externos de atividade religiosa, que nada vêem além da carne nem desejam qualquer conhecimento espiritual, são verdadeiramente infelizes. Muitos penetram nossas regiões de serviço, como embriões de vida, na câmara da Natureza sempre divina. Um amigo nosso costuma designá-los por fetos da espiritualidade; entretanto, a meu ver, seriam felizes se estivessem nessa condição inicial.Temos a certeza, porém, de que muitos se negaram ao contacto da fé, absolutamente por indiferença criminosa aos desígnios do Eterno Pai. Dormem, porque estão magnetizados pelas próprias concepções negativistas; permanecem paralíticos, porque preferiram a rigidez ao entendimento; mas dia virá em que deverão levantar-se e pagar os débitos contraídos. Eis porque os considero sofredores. Primeiramente, demoram no sono em que acreditaram, mais tarde acordam; porém, a maioria não pode fugir à enfermidade e à perturbação, como acontece aos irmãos dementados, que vimos inda há pouco."
 
Descanse em paz Saramago. E se puder vá para a luz.