O Rio GRANDE do Sul
A TERRA - O HOMEM - O TRABALHO - A ALEGRIA - O AMOR - A CRENÇA
A TERRA
Ao sul do Brasil (Fronteira om Uruguai e Argentina) estende-se uma imensa campina, outrora disputada tenazmente por Espanha e Portugal em infindável guerra. Habitualmente essa planície é silenciosa e erma, numa solidão maior que o próprio oceano. Pois se no mar se escuta ao menos o constante marulhar das vagas, aqui nem isso, apenas de quando em vez o grito de um alerta "quero-quero" (pequeno pernalta dos campos) a anunciar algum cavaleiro transitando na campina, mas há os dias da planície despertar, é quando, para a festiva lida de reunir-se o gado, surge com sua teatralidade inata o personagem que vai conduzir esta história: o "gaúcho", figura representativa do Rio Grande do Sul.
FACE A
O HOMEM
Segundo a lenda, a palavra "gaúcho" significa "gente que canta triste". Ao solista exprime um soldado saudoso da pátria e da mulher amada; em fundo um coral de vozes másculas, nascido das guerras de fronteira:
https://www.youtube.com/watch?v=te7Gd8VprNs&t=0s
01 - Canção do Gaúcho - Geraldo Príncipe
(M. Faria Corrêa - Eduardo Martins)
Ao coral da tradição se acrescenta, por vezes, a voz dorida dos guerreiros mortos. É quando nas noites de inverno geme o minuano, vento fantástico, em sua missão de retemperar o gaúcho ao rijo açoite do frio:
02 - Quando Sopra o Minuano - Chico Raymundo
(Barbosa Lessa)conteúdo protegido por direitos autorais autorais https://www.youtube.com/watch?v=L5IfZXGe1HM&t=163
Aqui na interpretação do saudoso José Cláudio Machado: https://www.youtube.com/watch?v=GpB9HQ4R_6s
O TRABALHO
Mas o minuano, na doida correria, carregou consigo a própria noite. Nasce o sol, é mais um dia para o árduo trabalho das fazendas. Lá surge o boiadeiro com seu gado, sacudindo o silêncio com seus gritos:
https://www.youtube.com/watch?v=te7Gd8VprNs&t=191s
03 - Canção do Tropeiro - Chico Raymundo
(Barbosa Lessa)
O gaúcho só sabe trabalhar montado em seu cavalo. Mesmo para debulhar as vagens do feijão colhido - ao invés de bater com as varas - ele apela para os cascos do cavalo. É o círculo-vicioso de uma "eira":
05 - Cantiga de Eira - Geraldo Principe
(Barbosa Lessa)
Eprega-se o cavalo até mesmo na lida do velho carro-de-bois. E vez de viajar no próprio carro, o "carreteiro" vai ao lado da carreta, cavalgando mansamente, em jornada monótona, sem fim, sem pressa de chegar:
04 - Roda Carreta - Chico Raymundo
(Paulo Ruschel)
A CRENÇA
Esse homem que moureja nos campos tem sua crença e devoção: um humilde escravo, que morreu dos maus-tratos de um "sinhô", e que hoje intercede junto a Nossa Senhora quando se perde um bem de alto valor. Se a gente acende uma vela, o Negrinho trás de volta aquilo que se perdeu. Ele tem força para devolver-nos até mesmo a "querência" - pedaço-de-chão de nossa infância, que a alma nunca esqueceu:
https://www.youtube.com/watch?v=te7Gd8VprNs&t=671s
06 - Negrinho do Pastoreio - José Tobias
(Barbosa Lessa)
FACE B
O AMOR
Mas o homem rio-grandense não vive apenas para as agruras da guerra e as canseiras do gado: vive também para o amor e o carinho de sua "prenda" Nesta milonga o canto explica como é que o gaúcho ama:
https://www.youtube.com/watch?v=te7Gd8VprNs&t=838s
07 - Milonga do Bem Querer - Chico Raymundo
(Barbosa Lessa)
Mas... e a gaúcha? como é que ama a gaúcha? - Na solidão do ranchinho perdido na planície, ela sonha. Imagina como seria bom se o seu noivo boiadeiro deixasse de correr mundo, parasse para escutar sua prece:
08 - Andarengo - Carla Diniz
(Barbosa Lessa)
A FESTA
O coração da gaúcha, porém, não foi condenado a ficar assim eternamente só. E seu oração pressente, no grito de um quero-quero, o retorno do andarengo! Um abraço, um mesmo ardor de saudade:
https://www.youtube.com/watch?v=te7Gd8VprNs&t=1066s
09 - Quero-Quero - Carla Diniz e Carlito Gomes
(Barbosa Lessa)
A euforia do reencontro pede um momento de festa. Então aquele homem que "cantava triste" - nas noites de acampamento - se transmuda por completo: ei-lo tinindo esporas, na alegria de um sapateado:
10 - Rancheira de Carreirinha - Conjunto Barbosa Lessa
(Barbosa Lessa)
"...E siga o baile!" Os pares se enlaçam para nova dança. No ameno convívio de sua "prenda" o rude campeiro se transforma tanto, que em algumas vezes a dança chega quase a parecer uma ciranda infantil:
11 - Pezinho - Conjunto Barbosa Lessa
(Barbosa Lessa)
O SÍMBOLO
No momento em que se despede e volta a mergulhar no horizonte ao passo calmo do cavalo, o gaúcho se desfaz de seus traços regionais e surge para nós com a universalidade de um símbolo: homem da campina, perseguidor do infinito, traço de união entre a planície e o mar, irmão de todos os povos cavaleiros do mundo - ligando o pampa aos "llanos" da Venezuela ou às pradarias do "far-west" norte americano:
https://www.youtube.com/watch?v=te7Gd8VprNs&t=1520s
12 - Despedida - José Tobias
(Barbosa Lessa)
Produção: AYRTON SOUZA
Direção: BARBOSA LESSA PRODUÇÕES